L I V R O      S O B R E     L I V R O S (Contos e Artigos)

                                                          José Ribamar Garcia]             

 

 

                                                                                                                                                                                                          

Neste ano, o talentoso e profícuo escritor Enéas Athanázio completou 50 anos de atividade literária e presenteia seus leitores e os amantes das letras com este “LIVRO SOBRE LIVROS – Contos e Artigos”.

Sua carreira literária começou em 1973, com o volume de contos intitulado “O Peão Negro”, editado pela Editora do Escritor, de São São Paulo, recebido com muito entusiasmo pelo público. E mereceu do escritor Ruy Olympio o minucioso comentário, publicado no jornal “Correio do Norte”, de Canoinhas (julho/1974, Nº 1.282), no qual destaca a linguagem “precisa e concisa” e capacidade de “magistralmente captar as expressões regionais dessa gente”.

E essas precisão, concisão, e capacidade para captação das expressões regionais, tornar-se-iam a marca registrada da escrita de Enéas.    

 “LIVRO SOBRE LIVROS (Contos e Artigos”) é o 61º livro do autor. Veio ampliar sua obra já perene e universal. 61 livros! Ou seja: mais de um por ano. Algo raro e fenomenal, num País, como o nosso, onde, lamentavelmente, lê-se pouco.     

“LIVRO SOBRE LIVRO (Contos e Artigos”) é dividido, ou melhor, estruturado em sete partes. 

A Parte 1 contém seis contos: O primeiro, “A Honra da Família”. A filha adolescente do coronel se perdeu com um “bundinha da cidade” e... O segundo, “Incidente Natalino”. O desligado Neca, depois de enviuvado – e a morte da mulher lhe trouxe complicações - ele contraiu segunda núpcias com uma japonesa, a fim “verificar se as orientais são mesmo diferentes.” O diferente seria uma insinuação a aquilo? O terceiro, “O Cavalo do Buraco”, o garoto encontra um cavalo caído num buraco e procura salvá-lo. Será o autor esse garoto?  O quarto, “O Exterminador”, uma denúncia sobre desmatamento. O quinto, “Taquara Verde”, passagem histórica sobre a revolta dos jagunços contra os colonos, extensiva em seguida ao “governo e os estrangeiros que tomavam as terras deles.” O sexto, “Compensação”, além de lírico, um consumado caso de amor. Um primor de conto. É único narrado na primeira pessoa. Os demais, na terceira.  Esse conto me levou ao romance de Mario Vargas Lhosa com sua tia, consagrado no seu “Tia Júlia e o Escrevinhador”, contestado por ela depois em “Lo que Varguitas no Dijo”. Esse livro foi recusado pelas editoras do Peru e ela só conseguiu editá-lo na Bolívia, em 1983. Houve uma edição americana, mas também não traduzida para o português.

Parte 2 - São três ensaios sobre o escritor maranhense Humberto de Campos (1886/1934) – O Conselheiro XX.  A casa em que ele viveu numa parte da infância, na cidade Parnaíba Pi), virou museu e no quintal ainda resiste o frondoso cajueiro que ele plantara e o eternizou nas suas memórias. 

Parte 3 - Quatro ensaios sobre o sergipano Gilberto Amado. (1887/1969). No último ensaio, Enéas Athanázio, sem qualquer pretensão de exibição, mas com toda  naturalidade e humildade que lhe são características, mostra seu vasto conhecimento histórico e literário na resposta que deu a um leitor de Brasília, que tentara diminuir o que ele escrevera sobre Gilberto. Na verdade, ele pulverizou o afoito com uma fundamentada argumentação.

Parte 4 - Sete ensaios sobre “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa (1908/1967), nos quais aborda certas passagens do livro e o comportamento dos personagens principais e secundários.          

Parte 5 - Dois ensaios sobre  o escritor colombiano Vargas Vila (1860/1933.

Parte 6 - Dois ensaios sobre o escritor austríaco Stefan Zweig (1881/1942) Esse homem teve uma vida sofrida, perseguida. Viveu em Petrópolis e suicidou-se juntamente com a esposa.

Parte 7 - 14 ensaios sobre alguns livros do escritor belga Georges Simenon (1903/1989). Faz uma análise do poder criativo do autor e do comportamento psicológico do personagem principal  –  o Comissário Jules Maigret, que se tornou mundialmente famoso.

O senso de justiça de Enéas Athanázio é outro traço forte do seu caráter. Daí a sua constante preocupação de relembrar às gerações atuais e futuras, a existência de nossos grandes escritores que foram famosos na sua época e, atualmente, estão esquecidos. Esquecimento  deliberado. Ou por inveja, ou por ignorância, ou  por razões ideológicas.  

E aqui repito o que já escrevi. Enéas Athanásio, ao reunir em livro esses contos e ensaios, está presenteando não somente os seus leitores como também prestando inestimável serviço à Literatura.