Um dedo de prosa com o poeta sergipano

ENTREVISTADO:

Ramon Diego Câmara Rocha

Ramon Diego da Câmara Rocha ou simplesmente Diego Ramon. Poeta e escritor sergipano, natural de Nossa Senhora da Glória – SE,  estreia em livro individual dia 24 de agosto com lançamento programado para sua cidade natal. Diego já publicou abundantemente em alternativos de literatura e jornais de seu estado e estuda letras na Universidade Federal de Sergipe. Com apenas 21 anos, Diego, que é apaixonado pela literatura, quer crescer e crescer. Confira a entrevista dele para Entretextos.

Entretextos - Poesia é filosofia, música, imagem ou o quê?

Diego Ramon - Poesia sempre foi, ao meu ver, tudo isso, amigo Dilson Lages, claro que nem sempre tão bem delineado; a mistura é a base da poesia enquanto coisificação dos sentimentos e humanização das coisas, do ser, da vida.

Em um de seus poemas, você escreve: “Sou um homem só/ com meus livros/ Como quem guarda,/ soturno/ seus dentes de leite”. O que é, para você, literalmente falando, o poeta?

Poeta é sempre um tradutor de fim de tarde e pessoa que, como a maioria dos artistas,  tenta ser da melhor forma possível, é sujeito que tenta digerir o mundo, através de um afofamento do mundo pelo seu olho, sua forma particular de enxergar as coisas ao seu redor.

Quais elementos do cotidiano, ou situações, ou emoções mais despertam em você o sentimento poético?

Os sentimentos são os mais variados, embora o abandono de uma casa ou a palavra que não é dita nos discursos sempre são os sentimentos dignos de uma maior atenção de minha parte, trabalho com o que poderia ser...

Sua poesia se constrói sobre que bases estéticas?

Trabalho com uma poesia, Dilson, bastante impactante, tento tornar os leitores conscientes das coisas do mundo a partir de metáforas no tempo poético no qual as coisas se realizam.

Você se diz influenciado pela poesia de Ferreira Gullar, Manoel de Barros e Augusto dos Anjos. O que precisamente há na poesia deles que te seduz?

O trabalho com a recepção da palavra pelo leitor, da escolha de como traduzir o mundo e suas perspectivas.

Como escritor e atento à cena cultural de sua região e dos estados circunvizinhos, qual leitura você realiza da poesia que se produz hoje no Nordeste brasileiro?

O Nordeste é e sempre foi um espaço rico de imagens e situações por si só, poéticas, vejo o entusiasmo poético e estético nordestino como um ponto importante na literatura de nosso país, escritores e ventos importantes surgem a todo momento, como Marcelino Freire, Antonio Carlos Viana, entre outros.

Arrisca a comentar genericamente a obra de algum poeta contemporâneo de excelência, digo, a obra dele?

Seria estranho pra mim fazer isso, sinto que iria me torturar diante de tão boas obras.

Você é um utilizador diário dos meios virtuais para difundir sua literatura, prática hoje presente no comportamento de praticamente todos os escritores contemporâneos. É possível acreditar que, com o avanço vertiginoso da leitura em meio virtual, a leitura do poema pode chegar a mais leitores e poesia pode deixar de ser produto de uma elite?

Sim, acho que existe algo na internet que torna o acesso à escrita e à leitura mais democrático, qualquer um pode publicar algo na internet e cabe aos leitores aprovarem o texto, gostar dele ou não.

Qual seu projeto literário do momento?

Dia 24 de agosto, estarei lançando meu primeiro livro em Nossa Senhora da Glória, no estado de Sergipe, o livro partiu de uma campanha na internet na qual os leitores de minha poesia contribuíram efetivamente para a publicação da compilação dos poemas. Além disso, sempre há a promoção de rodas de leitura que a organização da Sertão na Arte, associação cultural de que participo, anda fazendo na cidade, um trabalho genial com as escolas e os alunos, incentivando a leitura e a escrita na nossa região.

O que você espera que seja sua literatura daqui a vinte anos?

Um ponto de partida para jovens escritores e amantes da literatura que começam muito cedo a escrever, mas que não tem tanta oportunidade de publicação.