Não é de agora, que psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e semelhantes, recorrentemente, vêm tentando influenciar famílias sobre a importância de manterem, no recinto de suas residências, durante tratamento médico-terapêutico, a despeito da gravidade do transtorno psíquico ou psiquiátrico que os acomete, seus psicopatas ou esquizofrênicos. Parece pouco importar-lhes que eles sejam vítimas frequentes de espasmos de violência implacável ou que vivam em constante estado de catatonia ou loucura. Insatisfeitos com a pouca aceitação por parte das famílias que possuem daqueles doentes, têm tais estudiosos sugerido a legisladores a edição de normas legais que, não só liberem o poder público da responsabilidade de cuidar do indivíduo louco, violento ou, irracionalmente assassino, que viva com parentes, como atribuam a estes a obrigação de fazê-lo; cabendo às instituições públicas de saúde, se tanto, a supervisão do tratamento. Ou seja, nesses casos, eles, os parentes, no mais das vezes, leigos ou inabilitados tecnicamente, que se responsabilizem pela efetiva administração dos medicamentos e/ou terapias sugeridos ou prescritos, que pode se prolongar por toda a vida dos transtornados. Quem garantiria a segurança dos familiares que não se sentem aptos a fazer o trabalho de profissionais treinados, capacitados e remunerados na sua tarefa de medicar e acompanhar psicopatas incuráveis? Não é incomum ouvirmos ou sermos informados de que algum louco desapareceu, matou ou machucou seu cuidador no recinto em que moravam. Evidentemente, em casos de transtornos mentais ou psicopatias menos severas, o tratamento medicamentoso ou terapêutico domiciliar até poderia ser indicado; mas, jamais, a quem tivesse histórico de prática continuada de violência ou neurastenia que o tornasse perigoso a ponto de agredir ou matar seus cuidadores. Esse tipo de doente, obviamente, melhor estaria se isolado das potenciais vítimas, sendo tratado no local adequado por profissionais especializados. Um país se dirá mais desenvolvido, econômico, financeira, social e, culturalmente, além de mais saudável, claro, quando o número de cadeias e de manicômios for menor que o de escolas; o que não quer dizer, todavia, que se devam evitar as prisões de criminosos a fim de que novos ambientes de reclusão penal não sejam construídos; ou que, em substituição ao estado, que deles precisaria cuidar, obriguem-se parentes a manter em casa loucos, colocando em risco a vida dos familiares ou deles mesmos. Afinal, se a população como um todo, o que inclui as famílias que têm psicopata como membro, paga tributos que deveriam ser revestidos, também em serviços públicos de saúde, não seria nenhum favor estatal responsabilizar-se por prestar a devida e necessária assistência médica e psicossocial aos transtornados mentais crônicos em ambiente próprio, quando essa poderia ou precisaria ser fora do recinto familiar. Falando, ainda, em loucura, há algum tempo, um músico e poeta brasileiro, que dizia haver apanhado no período da ditadura por conta de críticas consideradas intempestivas ou inadequadas, afirmou haver chorado de emoção quando, finalmente, o poder fora devolvido ao povo; sentimento que teve vida curta, já que, logo, logo se arrependeria, ao ver gente morrendo nas filas de hospitais estatais, bandidos matando gratuitamente; a classe política, moralmente, em decadência; escândalos aos montes; corrupção em todos os segmentos do poder público, e uma adicional gama de mazelas. Não mais cria ter valido a pena arriscar tanto para ter tão pouco: governo e parlamento demagogos, fisiologistas, injustos e desonestos. Aqueloutro músico, igualmente brasileiro, que não apanhou durante a ditadura, mas que também vibrou quando o povo assumiu o poder e não se conformou quando perdeu, deve discordar de seu par. Talvez, por conta disso, é que uns digam que de poetas e loucos todos temos um pouco; enquanto outros acham que loucura pouca é bobagem. Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]