Um dos mais eficientes e bem urdidos direitos de que pode usufruir o cidadão é o de, livremente, sem peias nem amarras, manifestar sua opinião e seu pensamento. Também é fato que muitos exageram, falando ou fazendo o que não deveriam ou mais do que deveriam; o que, talvez aconteça conosco, involuntariamente, neste breve arrazoado.

          Começaremos a exercitá-lo com este questionamento: por que muitos veículos de mídia impressa, de áudio ou televisiva, em vez de nos informarem preferem desinformar-nos, truncando a comunicação? Exemplo? Que tipo de informação fornece quem, ao avisar que determinado evento acontecerá em tal zona da cidade, a partir de horário qual, não diz, precisamente, onde o mesmo ocorrerá; ou, ao anunciar que empresário inaugurará novo empreendimento, não dá o endereço exato? Ora, se não pode informar, corretamente, melhor não falar nada.

          Romário vivia dizendo que jogo é jogo e treino é treino. Dunga, seu contemporâneo e colega de atividade futebolista, parece que aceitava essa máxima e ainda deve concordar com o baixinho, apesar de, hoje treinador, discordar dele quando acusa treinadores da seleção brasileira de não terem a última palavra na convocação do escrete canarinho: para o “Peixe”, os donos dos passes de nossos principais craques é que determinam quem deve ou não a integrar.

          Dunga sabe que o artilheiro fazia o que pregava: treinava pouco, mas jogava muito. Decisivo, mesmo, em muitas ocasiões; a ponto de, exageradamente, achar que, sozinho, conquistou uma copa do mundo, esquecendo-se dos outros muitos companheiros, três ou quatro tão bons quanto ele. Até pode tentar desdizer Romário, mas não consegue dirimir dívidas que remanescem. Por que insiste em chamar e escalar jogadores que, reiteradamente, não correspondam às expectativas; enquanto a alguns convida apenas para desfalcar suas equipes, já que, dentro de campo, somente nos treinos, antes dos jogos; e a outros, que todo mundo convidaria, ele, simplesmente, esquece, recorrentemente?

          Como é bom poder falar ou dizer qualquer coisa, inclusive, bobagem. Iluminados paroquiais afirmam que não vale a pena extirpar aguapés e canaranas dos leitos de nossos rios se não for feito um trabalho de despoluição dos mesmos. Quer dizer que, até que isso ocorra, provavelmente, nunca, nossos cursos d’água que se lixem? Ou será que essa turma espera que a poluição chegue a tal nível que mate, também, a vegetação criminosa que os asfixia? Haja lorota! Assim fica difícil!

          Aquele jurista do impeachment de Fernando Collor acha que o da presidente Dilma Rousseff não seria igual ao do caçador de marajás porque os motivos, hoje, são diferentes dos daquela época. Segundo ele, instituições representativas da sociedade civil organizada é que protagonizaram movimentos e eventos políticos que induziram o congresso nacional a levar adiante procedimentos que ensejaram o afastamento do alagoano; atualmente, para o estudioso, são partidos políticos que, equivocadamente, tomam a iniciativa de tentar cassar a governante. Quer dizer que, se infrações, reiteradamente, cometidas pelo gestor de plantão, a ponto de motivarem dezenas de pedidos de impeachment, não forem denunciadas pela sociedade civil nem constarem de relatórios de CPIs, qualquer ação por parte do parlamento seria mera perseguição política?

          Senhores, é provável que, no dia em que a Nike, a Adidas ou qualquer outra grande marca vier a patrocinar um médico, um farmacêutico, um advogado, mesmo um gari, pedreiro ou pintor de paredes, como faz com estrelas do esporte e do show biz, esses profissionais também venham a ser bem remunerados. Sabem por que grandes cientistas, diversas vezes premiados, estudiosos que descobrem, inventam ou criam tecnologias, medicamentos ou tratamentos que melhoram a vida de muitos, invariavelmente, não despertam o interesse de empresas como as citadas? Porque o que fazem, dificilmente, daria aos contratantes o retorno econômico-financeiro que eles expectam e conseguem com artistas do esporte, de cinema e de outros nichos bem específicos. Com esses craques da mídia e do marketing, Nike, Adidas, Chevrolet, Mercedes Benz, empresas de telefonia e outros gigantes faturam valores que, comparados aos que pagam a seus garotos-propaganda, os destes parecem migalhas. Ou seja, esses cidadãos fazem por merecer o que ganham; injustiça seria se fossem mal remunerados, como querem seus críticos contumazes. No capitalismo, pode mais quem oferece melhor retorno financeiro.

          O exercício diário, permanente e honesto da sacrossanta liberdade de pensamento e expressão é algo de que não podemos abrir mão. Ela nos faz ver que muitos de nós somos iguais perante a lei. Um dia, quem sabe, não seremos todos?

          Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]