SESSÃO NOSTALGIA:

 

O que os povos querem da vida

                                                                                                Cunha e Silva Filho

 

 

         Considerando  o nível  de escolaridade,  suas culturas  específicas,  suas aspirações particulares, seus sonhos  e metas coletivas, sua formação  espiritual  diversificada ou não,  os povos, independentemente  de partidos políticos, se excetuarmos os regimes  opressores, autocráticos e, por conseguinte,  cerceadores da liberdade de expressão, de manifestação artística, do direito de ir e vir,  do direito de propriedade,  do direito de exercer sua cidadania  plena, apenas  querem  viver  em paz, na família, na vida social,  no trabalho,  no lazer,    usufruindo, assim,   do direito de acesso  aos bens materiais e imateriais  propiciados  pela modernidade.

         Se assim  é, então o melhor  sistema de governo  é o democrático, seja da direita, seja da esquerda. Já há quem  fale em democracia  híbrida,   i.e., aquela na qual  as liberdades  dos indivíduos  são  limitadas em alguns   aspectos, porém  não é  suprimida  em  outros. Talvez um caso típico seja o da Venezuela de Chávez. Nesse hibridismo democrático, o Estado, quando julgue ser conveniente ao gerenciamento  da  nação,   interfere nas instituições  privadas chegando ao  ponto mesmo de  estatizá-las. Como se vê, não é um sistema  ideal nem digno de ser  imitado.

       Na Venezuela,  houve considerável redução  da pobreza no governo  Chávez, o que  foi  bom  para sua sociedade. Entretanto,  lá os poderes  do  presidente   se sobrepõem  ao judiciário e  ao legislativo, quer dizer,  não há  igualdade  de poderes. No Brasil, reduziu-se a pobreza em regime  plenamente  democrático  mas atravessado,  sobretudo no Collor e, depois, no   governo  Lula, no último  por ondas de corrupção que culminaram no chamado  “Escândalo do Mensalão,”  cujos acusados  estão sendo julgados atualmente pelo Supremo  Tribunal  Federal, a maior Corte  da  Justiça do pais.

    O que caracteriza  dois  governos  de países diferentes é que  pode haver  desenvolvimento econômico,  melhoria  da vida do  pobre  combinada  também  com outro  mal,  a violência. No Brasil do governo  Dilma, há  melhoria  da vida dos menos favorecidos,  acompanhada do mal  da violência  extrema.

   Neste união de  elementos  contraditórios  de um regime presidencial, há que considerar  a posição  do  pobre,  daquela  grande parcela  da  população  de  reduzida escolaridade  e, portanto,  de  baixo nível de consciência  política. Em outras palavras, com os programas   de  natureza social visando a dar  melhor condições de vida   aos desfavorecidos, o governo  petista ganha os votos  desse contingente  despolitizado, desse  eleitorado   que se contenta  com  uma vida  um pouco melhor  sem se  importar muito  com  a questão  política,  embora se sinta  motivado a  eleger   candidatos de um partido  político que  ainda está no  poder,   o qual, aos  olhos  de observadores estrangeiros,  é classificado  como da esquerda, quando sabemos que  o  governo Lula ajudou  os menos  favorecidos através de seus vários  programas assistenciais, do tipo  Bolsa-família e assemelhado, mas ajudou mais ainda as elites econômicas.

      Não taxando pesadamente os ricos, como está fazendo  agora o presidente da França,  o governo  petista agrada  aos  ricaços e ao mesmo tempo acena  com  os  referidos   benefícios  aos  pobres. Não creio muito  no que  economistas  vêm chamando  de nova classe média que, segundo  os governo  petistas,  foi  um grande avanço social. Melhor seria chamá-la de pobres  com  melhores condições de vida.

    O brasileiro  médio está mais interessado  é em ter  um pouco mais de conforto, condições de comprar uma casinha modesta ainda que seja na periferia, poder adquirir seus eletrodomésticos  em  prestações  dilatadas,   ver seu futebol, fumar seu cigarrinho, ir à praia,   brincar  no carnaval  e tomar suas cerveja nos botecos do bairro apreciando a beleza esfuziante da mulher brasileira.

   Pouco lhe  importa se  há corrupção ou não  na política  brasileira.Contanto que  não pague  imposto de renda,  o povão vai  se  virando  como  pode e até gastando mais  em bens  de consumo. Em outras  palavras,  no país  os ricos  continuam  tão ou mais ricos do que antes. A classe média, que  paga  imposto,  vive  com restrições  de gastos e endividada com  cartões  de  crédito  e   uso de cheques especiais. Até a suposta  “nova” classe média,  mimetizando  padrões  incompatíveis das classes mais altas,  também está seguindo as pegadas erradas dos mais   elevados  na pirâmide social.

  O povo, ou os povos em qualquer  parte, desde que  não sejam  a elite nacional ou mundial,   desejam  mesmo  é ser feliz,  praticar seu carpe diem  e completar  seus dias de existência   simples,  anônima, distante  dos  grandes  investimentos,   da lucro  dos magnatas  globalizados, do  exagerado  hedonismo  proporcionado  pelos  multimilionários  neoliberais em escala  planetária, ou dos  esquerdistas  vivendo  estilos  de vida  capitalista no ritmo da dolce vita  de todos os  tempos  e  latitudes.   Desconfio até que Karl  Marx (1818-1883) virou a casaca e foi cooptado  pelos  esquerdistas e pelos  capitalistas  simultaneamente. Quem vai entender essa mixórdia da pós-modernidade?  Quem diria, nesta mixórdia,  O Capital – a mais  célebre  obra de Marx, publicada em  três  volumes, o primeiro, em1867, e, postumamente, o segundo  publicado em 1867 e o terceiro, em 1894 -  capitalizou-se  de vez.

 

 

Postado por Cunha e Silva Filho às 21:24 

2 comentários:

Luiz Filho de Oliveira,   outubro 03, 2012

Caríssimo Cunha e Silva Filho, seus textos são sempre esclarecedores e convidativos. No meu blog, mantenho um link que dá acesso ao seu e o que lhe rendeu, ao menos, três novos seguidores. Por que você não põe neste blog uma lista de outros blogs que acha importante a fim de que ocorram visitas de seus seguidores? Isso ajuda um pouco na divulgação de seus próprio blog, já que os outros, em "retribuição", também colocarão o seu link no blog deles. Saudações.

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Cunha e Silva Filhooutubro 04, 2012

Meu amigo e poeta Luiz Filho de Oliveira:

Infinitamente, lhe agradeço a pronta atenção a um convite que formulei a amigos e conhecidos que mantêm seus próprios blogs. Na verdade, você tem razão nas sugestões levantadas, ótimas aliás, que me deu sobre como terei meu modesto blog mais divulgado.
Não o tinha feito apenas por falta de mais manejo no uso das possibilidades da Internet, puramente por isso. Porém, vou tentar uma mexida neste sentido pra ver o que acontecerá.
Nas estatística que acompanho relativas ao meu blog, vejo que alcanço muitos leitores no exterior, sobretudo na Europa.
Acredito que você também tenha alcançado este mesmo nível de expectativa com o seu blog tão pleno de textos seus voltados para a poesia, e para outros temas que são objetos de sua atenção.
Você deveria reunir alguns textos seus não-poéticos e editá-los em livros. Você , segundo já lhe afirmei, tem estilo de cronista fino e original, sobretudo com a linguagaem avessa a tradicionalismos e ultrapassadas formas de exprfessar as perplexidade sociais e culturais do mundo contemporâneo.
Agradecendo-lhe mais uma vez o interesse e o estímulo a mim dispensados, creia-me sempre