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(Poema que hoje nasceu de uma cena

para uma negra jamais pequena).

 

 

Negra, eu ouvi teu gemido.

Teu gemido em mim é poesia.

Eu ouvi as chamas de teu pranto

e meu verso do porão virou grito.

 

Por isso invoquei a águia do oceano

para adormecer a fúria dos homens.

 

Em rimas venho dizer-te, negra:

enegreça a fúria do homem branco

com o cintilante de tua negra cor.

Seja como for, seja FLOR

Floresça, negra!

Não se curve, nunca!

Banhe os olhos turvos

do excludente e indiferente.

 

Não pare, negra!

Siga adiante!

Marche!

Não recue! Enalteça-te!

 

E digo mais,

preta cor de amora,

sorria pelo rio afora!

Diga que não és mito

Diga

Repita

Reprise

E grite: AVANTE!

 

Avante com seu canto

pois maior que a dor será teu riso

o riso da mulher negra

é o véu do infinito.

 

(Rosidelma Fraga)