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Conhecido como o "Papa Bom", João XXIII faleceu de câncer no estômago, após longa luta contra tal enfermidade, no dia 3 de junho de 1963, não chegando por isso a encerrar o Concílio Vaticano II. Ele foi sucedido pelo Cardeal Giovanni Montini, que escolheu o nome papal de Paulo VI e que implementou as medidas e reformas do Concílio Vaticano II.[18] Na altura da sua morte, a revista "Times" constatou e "comentou que poucos pontífices entusiasmaram assim tanto o mundo" como o Papa João XXIII.[16]

Já durante o Concílio Vaticano II, o Cardeal Leo Joseph Suenens e vários prelados defenderam a canonização de João XXIII por aclamação conciliar, como se fazia antigamente na Igreja primitiva. Mas, esta proposta foi prontamente rejeitada por prelados mais conservadores e pela Congregação para as Causas dos Santos.[12] Por isso, o seu processo de canonização foi só iniciado em 1965, em simultâneo com o processo do Papa Pio XII, ambos com a autorização de Paulo VI.[6] O "Diário da Alma" de Roncalli contribuiu muito para a longa investigação orientada pela Congregação, porque neste Diário está registado o seu desenvolvimento espiritual e o seu caminho de santificação. Este Diário descreve também vários métodos que João XXIII usou para vencer o pecado: como por exemplo, ele evitava ficar sozinho com mulheres bonitas. No seu Diário, ele também revelou, no fundo, o seu profundo amor a Cristo, à humanidade, à Igreja e ao Reino de Deus.[12]

Em Janeiro de 2000, o Vaticano reconheceu oficialmente "a veracidade do caso milagroso da freira italiana Caterina Capitani, que alegadamente se curou de um tumor no estômago" por intercessão de João XXIII (caso passado em 1966).[35][36] Com esse reconhecimento, ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000, em cerimônia solene na Praça de São Pedro, juntamente com o Papa Pio IX.[7] Sobre ele, o Papa João Paulo II afirmou:
Cquote1.png     João XXIII, o Papa que conquistou o mundo pela afabilidade dos seus modos, dos quais transparecia a singular bondade de ânimo. […] É conhecida a profunda veneração que o Papa João tinha pelo Papa Pio IX, do qual desejava a beatificação. Durante um retiro espiritual, em 1959, escrevia no seu Diário [da Alma]: "Penso sempre em Pio IX de santa e gloriosa memória, e imitando-o nos seus sacrifícios, desejaria ser digno de celebrar a sua canonização" […]. Do Papa João permanece na memória de todos a imagem de um rosto sorridente e de dois braços abertos num abraço ao mundo inteiro. Quantas pessoas foram conquistadas pela simplicidade do seu ânimo, conjugada com uma ampla experiência de homens e de coisas! A rajada de novidade dada por ele não se referia decerto à doutrina, mas ao modo de a expor; era novo o estilo de falar e de agir, era nova a carga de simpatia com que se dirigia às pessoas comuns e aos poderosos da terra. Foi com este espírito que proclamou o Concílio Vaticano II, com o qual iniciou uma nova página na história da Igreja: os cristãos sentiram-se chamados a anunciar o Evangelho com renovada coragem e com uma atenção mais vigilante aos "sinais" dos tempos. O Concílio foi deveras uma intuição profética deste idoso Pontífice que inaugurou, no meio de não poucas dificuldades, uma nova era de esperança para os cristãos e para a humanidade. Nos últimos momentos da sua existência terrena, ele confiou à Igreja o seu testamento: "O que tem mais valor na vida é Jesus Cristo bendito, a sua Santa Igreja, o seu Evangelho, a verdade e a bondade".[7]

A sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Outubro, dia em que teve início a primeira sessão do Concílio Vaticano II. Ele é o patrono dos delegados pontifícios.[8]

Referências

   1. ↑ a b c d e f g h i j k l m Biografia de João XXIII (em português). Santa Sé. Página visitada em 11 de Junho de 2009.
   2. ↑ a b c JOHN CARMEL HEENAN. Crown of Thorns: an autobiography, 1951-1963 (em inglês). Londres: Hodder and Stoughton, 1974. ISBN 0-340-16816-1
   3. ↑ a b c O Concílio Vaticano II (em português). Doutrina Católica. Página visitada em 10 de Junho de 2009.
   4. ↑ a b c Catolicismo e mundo moderno (em português). Hieros. Página visitada em 10 de Junho de 2009.
   5. ↑ a b c d GEORGE WEIGEL. A Verdade do Catolicismo: Resposta a Dez Temas Controversos (em português). Lisboa: Bertrand Editora, 2002. pp. págs. 45 - 46. ISBN 972-25-1255-2