Por Maria do Rosário Pedreira
 
Lembram-se daquelas aborrecidíssimas equações em que menos por menos dava mais e mais por menos dava menos? Pois bem, isto é só para dizer que nada é líquido e que um livro chamado Less (Menos) pode, afinal, ser… Mais! Trata-se de um romance muito premiado, que esteve no top do New York Times e foi considerado livro do ano pelo San Francisco Chronicle, o New York Post ou a Paris Review. E o facto de o título não estar traduzido na edição portuguesa tem que ver com a circunstância de ser também o nome do narrador (Arthur Less) e, no fundo, significar ambas as coisas (o trocadilho perde-se na tradução, paciência). A personagem, aliás, é um escritor de 50 anos, discreto e mediano, além de inseguro, que nunca saiu realmente da cepa torta e tem grande dificuldade em lutar contra os egos exacerbados dos seus colegas. Ora, um dia, é convidado para um casamento – e descobre ser o do ex-namorado com outra pessoa... Então, querendo fugir de tudo, resolve copiar os outros escritores e aceitar fazer leituras e participar de festivais literários por todo o mundo. Uma digressão que o levará a vários continentes onde lhe acontece quase tudo. Parte autobiografia, parte ficção, Less é uma sátira sobre a mudança de idade e o amor que vale a pena ler.