Por Maria do Rosário Pedreira
 
Conheço mal a literatura alemã contemporânea. Embora tenha estudado alemão durante quatro anos, nunca foi suficiente para conseguir ler um romance; e o facto de haver certamente muitos editores como eu é, provavelmente, o que impede que mais obras alemãs cheguem a Portugal (eu, pelo menos, tenho dificuldade em comprar direitos de livros que não li). Mas tenho em mãos uma preciosidade, O Fim da Solidão, de Benedict Wells (pseudónimo de um escritor nascido em Munique em 1984), publicado pela ASA e vencedor do Prémio da União Europeia para a Literatura. É a história de Jules, Marty e Liz, três irmãos amados e felizes até que os pais lhes morrem num acidente de aviação. Têm então de ir viver para um internato, onde cada um lidará à sua maneira com o desgosto (Liz experimentará drogas, Marty estudará loucamente, Jules começará a escrever). O colégio aceita também alunos da região e, entre eles, está Alva, uma ruiva introspectiva que gosta de literatura e música e de quem Jules se tornará muito próximo. O acompanhamento da vida dos irmãos ao longo do tempo é muito interessante, pois assistiremos às mudanças sofridas pela sociedade (o aparecimento da Internet e das start-up, por exemplo). Em todas as fases do livro, dividido em grupos de anos, há grandes surpresas, o que serve para manter sempre o leitor interessado. Recomendo.