Miguel Carqueija

 

     "Harry Potter and the Deathly Hallows, Part 1" - a Parte Um do final épico, conforme a propaganda nos jornais - é grandioso e inesquecível. Um dos melhores filmes que já assisti, ora em exibição nos cinemas do Rio de Janeiro. Se puder assistir, não perca. Poucos filmes justificam a mão de obra, a despesa e o risco pessoal de ir ao cinema.

     O que mais admiro na série de Harry Potter é a exaltação de valores, numa época em que o que predomina no cinema é o cinismo, a violência despropositada, os efeitos especiais espalhafatosos, as piadinhas imorais e escatológicas, a falta de roteiro e interpretação, a inversão de valores.

     Em Harry Potter existe a clara diferenciação entre o que é certo e o que é errado; não se vê o relativismo moral que corrói a nossa época. Os valores estão aí, exacerbados: amizade, lealdade, educação, gentleza, senso do dever a ser cumprido ao ponto do desprendimento quanto á própria vida.

     Este sétimo filme, penúltimo da franquia, é a primeira parte da história do último livro de J.K. Rowling, que aqui estreía como produtora. Os responsáveis pela série optaram por dividir a batalha final entre o Bem e o Mal - identificados em Harry Potter e Lorde Voldemort, respectivamente - em dois filmes, excelente decisão que intensifica a emoçaõ e o interesse para a legião de fãs do brixinho do bem.

     A amizade entre Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley é envolvente, e atinge níveis sublimes, principalmente neste episódio em que o Mal parece estar triunfando, com o Lorde das Trevas apossando-se do poder e os três jovens heróis reduzidos à situação de fugitivos, restando-lhes apenas procurar as horcruxes para destruí-las - os talismãs onde se acha dividida a alma de Voldemort, recurso para torná-lo imortal. A destruição da terceira das seis horcruxes dá esperança aos heróis de prosseguirem, eles que estão no limite das suas possibilidades.

     Linda a cena da dança entre Harry e Hermione, repleta de sensibilidade.

     Daniel Ratcliffe, Emma Watson (que a meu ver merece um Oscar) e Rupert Grint estão ótimos nos paéis de Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley.