bem naquela manhã no rosto desprotegido 

veio um golpe de ar e acertou em cheio

o corpo se virou tão rápido, estremeceu

a cabeça e os passos se soltaram sem direção.

o golpe me empurrou para uma estátua

o vento cessou, no alto vi patas de cavalo,

saltavam ao vento com força e precisão.

 

 

o golpe de ar rasante aproximou o olhar

àquele galope elevado de bronze e granito

e mais acima galgava entre dedos um chapéu.

não, era um quepe se erguendo ao céu.

golpeado de arranhões nas pernas e braços

já sabia que ali já se via um monumento,

era Deodoro sobre seu cavalo galopeado.

 

um homem se aproximou para saber do ocorrido,

quando me levantei sentia ardência nos joelhos

e astúcia no olhar de ajuda que visa os bolsos.

não o deixei dar mais um golpe, depois de tantos.

 

anteontem não dormi bem em Noite de Agonia.

hoje talvez fique resfriado pelo golpe de ar.

amanhã ainda estarei com sangue no corpo

como se um cavalo tivesse passado por mim.

depois de amanhã poderei estar chumbado

por um golpe qualquer que se diz heroico.

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