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                 {Reginaldo Miranda]

           Acabo de ler três trabalhos da lavra do professor Aécio Feitosa: Arneiroz: lembranças antigas (Fortaleza: 2011), volumeto de crônicas sobre sua terra natal, nos Inhamuns; De Portugal ao Cococi - ficção inspirada na História da família Feitosa (Fortaleza, 2011), onde romanceia suas origens familiares sem fugir aos fatos históricos; e, por fim, um alentado estudo genealógico sobre sua ilustrada família, os Feitosa, dos Inhamuns, intitulado Feitosas: genealogia, história e biografias (Fortaleza, 1999).

As duas primeiras publicações, escritas em linguagem sucinta, objetiva e clara, são inexcedíveis demonstrações de amor à cidade natal e a família que tem orgulho de pertencer. São dois pequenos trabalhos que vêm, respectivamente, enriquecer a crônica histórica da cidade de Arneiroz, no Ceará, e da honrada e distinguida família Feitosa, dos Inhamuns, também no Ceará.

Por seu turno, com o alentado volume Feitosas: genealogia, história e biografias, Aécio Feitosa inscreve seu nome definitivamente na galeria dos grandes genealogistas do País, sendo incansável na busca da verdade, corrigindo equívocos, acrescentando dados e, enfim, ampliando a árvore genealógica que estuda. Nesse aspecto dá continuidade ao esforço de seu bisavô Leonardo Feitosa, que depois de largos anos de pesquisa publicou o importante Tratado Genealógico da Família Feitosa, em 1952. Inclusive, ao dividir as 576 páginas de sua substanciosa obra em duas partes dedica a segunda à complementação desta, acrescentando novas informações. Na primeira parte, Aécio Feitosa acompanha a trajetória dos irmãos João e José Alves, desde a vila de Feitosa, na freguesia do Minho, comarca e concelho de Ponte de Lima, em Portugal, de onde partiram no ano de 1662, até a vetusta vila de Penedo, nas Alagoas, naquele tempo parte do território pernambucano, onde adotaram o patronímico do lugar de seu nascimento. Recebidos pelo também português, quiçá seu parente, coronel Manoel Martins Chaves, logo João Alves Feitosa convola núpcias com a filha deste, Ana Gomes Vieira, de cujo consórcio gera dois filhos: Lourenço e Francisco Alves Feitosa. Não tarda, porém, a mudar-se com mulher e filhos para Serinhaém, ainda em Pernambuco, onde adquirem sesmarias em 1680 e 1682. Daí, mais tarde, em busca de novas terras abandonam seus “Currais de Serinhaém” e se fixam com novas fazendas no vale do Jaguaribe, onde entram em conflito que ficou célebre com a família Monte, e mais tarde nos Inhamuns, onde continuam a fazer história. Todos esses fatos são relatados com detalhes pelo autor. Aécio Feitosa traça a biografia de muitos membros dessa extensa família, noticia sobre a obtenção das primeiras sesmarias e estabelecimento dos currais pioneiros, informa sobre o entrelaçamento com outras famílias, as ramificações pelos Inhamuns, vales do Jaguaribe, Acaraú e outras partes do sertão cearense, a mudança de diversas ramificações para outros recantos do Brasil, a fundação de cidades pelos membros da família, a participação destes na política, no clero, na carreira militar, em guerras, em conflitos de toda natureza, na carreira diplomática, no comércio, na atividade pública, na agropecuária, nas profissões liberais, enfim, nos mais diversos gêneros da atividade humana; também, informa extensa bibliografia sobre o assunto; por fim, conforme dissemos, corrige equívocos e complementa lacunas da importante publicação de seu bisavô.

Porém, Aécio Feitosa tem o cuidado de trazer ao debate a participação e importância da família Feitosa na colonização do Ceará e, posteriormente, em sua vida política e econômica. Sobre as contendas em que se meteram os Feitosa, não deixa injúria, calúnia, difamação ou simples maledicência sem resposta, rechaçando autor por autor, obra por obra, página por página, linha por linha, palavra por palavra. E convence porque escreve ancorado em documentos. Nesse aspecto é uma obra definitiva, merecendo louvores. É também escrita com o coração, um coração do tamanho dos Inhamuns, pulsando entre a lembrança de Arneiroz e dos antepassados, uma coisa complementando outra.

Enfim, o livro de Aécio representa um grande esforço de pesquisa genealógica sobre uma das mais antigas, extensas e importantes famílias do Nordeste do Brasil. Também, se reveste em homenagem aos Feitosa e resgate da história dos Inhamuns, engrandecendo o Ceará e honrando o Brasil. É um bom livro, recomendo a leitura.

(Meio Norte, 5.8.2011).