Poeta Diego Mendes Sousa autografando o livro de poemas "Gravidade das xananas" (2019).
Poeta Diego Mendes Sousa autografando o livro de poemas "Gravidade das xananas" (2019).

O poeta parnaibano, Diego Mendes Sousa, comemora neste ano de 2023, vinte anos da sua carreira literária.

“É uma marca extraordinária, porque fazer literatura e seguir o chamado da vocação, em um país que não reconhece o escritor como um profissional, realmente, merece celebração, por ser prova de resistência e de obstinação pelas letras”, ressalta Diego Mendes Sousa.

“A poesia é insondável. Há um misticismo em sua composição que flui naturalmente. Não tenho método. Sou arrastado pela inspiração. Gosto do nume, da celebração divinizada, da escuta interior. Minha literatura perpassa pela dor universal. Meus temas são siderais: tempo, agonia, crueldade, desespero, miséria, solidão, dentre outras coisas que arrebatam o coração humano. Escrevo a esperar o destino. Não será o acaso o estranhamento absoluto da vidência? Opero sim com a inteligência e sei o momento exato de trazer a lume o meu confessionalismo estético. Produzo muito, não somente poemas, mas também ensaios e crônicas. Sou um memorialista infalível.”, pontua Diego Mendes Sousa.

Defensor da história e da sociologia da sua terra natal, Diego Mendes Sousa é um poeta vinculado à tradição, e a sua linguagem como criador, provém da cultura popular e da cultura erudita.

“Sou uma testemunha do meu tempo. A poesia é esse sentimento de vida que vem do sublime e do talento. A poesia é o verbo que emociona, sendo poderosa e sem rumo, por ser uma casa em si mesma, fantástica. Quero simplesmente comover o meu leitor. Tocar o labirinto da sua alma e dizer do fluido mágico que atravessa as noites perdidas nos tempos com os seus oásis deslumbrantes e sonhadores.”, manifesta Diego Mendes Sousa.

“Nasci em uma cidade solar, com dunas, rios, lagoas e mar. Minha cidade natal é Parnaíba, uma região de muitos cenários poéticos que se encontra no norte do Piauí, onde o rio Igaraçu se arrasta em direção ao oceânico, ao Atlântico, a banhar bairros que residem em minha infância, como Tucuns, Coroa e Cantagalo. Cresci nessa atmosfera lírica, cercado pelos horizontes selvagens das xananas e dos livros. Aprendi desde cedo a amar a linguagem e a preservar o bom português, porque tive uma mestra dentro de casa, a minha avó. Ela era assídua leitora, sabia poemas de cor e declamava-os. De modo que este seu neto foi despertado para o universo mágico das artes. Sempre fui introspectivo e pensador. Sabia que seria um escritor, porque íntimo da caneta e do papel. Passei a ler os grandes romancistas como Victor Hugo, Alexandre Dumas, Thomas Mann, Eça de Queiroz, Machado de Assis, que se fizeram particulares. E descobri os poetas. Aí nunca mais fui o mesmo! Achei a minha vocação e me ofertei a esse mistério dos tempos que somente a palavra consegue expressar: a intuição. Estudei, estudei muito e ainda estudo. O conhecimento é a armadura do meu ser. Paralelamente ao ato criador, tornei-me advogado e hoje, por concurso público, sou funcionário público federal. Apesar do comezinho que a vida exige e da existência que é uma urgência, chego neste ano de 2023 ao décimo segundo livro de poemas da minha carreira literária, intitulado “Agulha de coser o espanto”, no prelo, a ser publicado pelo Instituto Amostragem, do amigo João Batista Mendes Teles, para quem o livro é dedicado. São anos e anos de luta, que em 2023 desbrava vinte anos de experiência com a poesia, essa alquimia fascinante e perturbadora.”, explica Diego Mendes Sousa.

“O primeiro verso que escrevi (os momentos possuem as ladeiras obscenas) surgiu na cidade de São Luís do Maranhão (terra de Nauro Machado e de Ferreira Gullar), após a reveladora leitura do romance “A casa da paixão” (1972), abismado pelo sol e pelo erotismo desvelado nas páginas escritas por Nélida Piñon (1937-2022). Veja a ironia do destino, pergunta-me como nasceu essa paixão pela poesia, valendo-se da palavra quase apropriada, paixão, porque eu digo mesmo que é amor.  Entusiasmo, emoção, força impetuosa, adoração e arrebatamento, tudo isso reside em minha evocação ao belo, mas há algo mais metafísico e perene, sendo o sentimento de reconhecimento de mim mesmo, a razão do meu cuidado com a linguagem. Acredito no dom que recebi de mãos beijadas e aposto nessa relação ambígua entre a realidade e a imaginação.”, esclarece Diego Mendes Sousa.

 

 

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DIEGO MENDES SOUSA

2023 –

 20 anos de Carreira Literária (2003-2023)

20 anos de Poesia

 

 

 

BIOGRAFIA

 

Diego Mendes Sousa nasceu na Parnaíba, no Estado do Piauí, em 15 de julho de 1989.

Formou-se em Direito pela Faculdade Piauiense (FAP). Especializou-se em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Possui ainda Pós-Graduação em Direito Constitucional e Administrativo pela Escola Superior de Advocacia do Piauí - ESA-PI (2020-2021) e Pós-Graduação em Direito Penal e Processual Penal pela Escola Superior de Advocacia do Piauí - ESA-PI (2020-2021).

É Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Acre (UFAC).

Advogado, Escritor e Jornalista. Poeta, cronista, crítico literário e memorialista.

Colunista do Jornal de Letras, vinculado à Academia Brasileira de Letras e colunista do Portal Entretextos.

Fundador do jornal O Bembém, com Benjamim Santos e Tarciso Prado. Editor de livros, sendo, inclusive, antologista de Antonio Carlos Secchin e Antonio Cicero, ambos Imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Organizador do “Almanaque da Parnaíba”, no ano de 2021, que homenageou o grande escritor parnaibano Assis Brasil (1929-2021).

Participou de mais de trinta livros em coautoria pelo Brasil, como por exemplo, “Piauí Celeiro de Icônicas Paisagens” (2021), “Peripandêmicos” (2022) e “O rio – coletânea de poemas sobre o Parnaíba” (2022).

Organizador dos originais, revisor e assessor de produção gráfica do livro “O Piauí no Folclore Brasileiro” (2022), editado pelo Espaço Fonte da Memória, Lei Aldir Blanc.

Autor de prefácios e de posfácios para livros de importantes escritores brasileiros como Carlos Nejar, Dimas Macedo, João Carlos de Carvalho, Antonio Cicero, Raquel Naveira, Antonio Carlos Secchin, Benjamim Santos etc.

Funcionário Público Federal vinculado ao Ministério dos Povos Indígenas, como Indigenista Especializado, e com relevantes serviços prestados ao Estado do Acre.

Autor de Divagações (2006), Metafísica do encanto (2008), 50 poemas escolhidos pelo autor (2010), Fogo de alabastro (2011), Candelabro de álamo (2012), Gravidade das xananas (2019), Tinteiros da casa e do coração desertos (2019), O viajor de Altaíba (2019), Velas náufragas (2019), Fanais dos verdes luzeiros (2019), Rosa numinosa (2022) e Agulha de coser o espanto (2023, no prelo).

Em 2009 foi distinguido com o Prêmio Olegário Mariano da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, pela obra “Metafísica do encanto”.

Em 2013 foi distinguido com o Prêmio Castro Alves da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, pelo Conjunto da Obra.

Em 2016 foi distinguido com o Prêmio João do Rio, de Poesia, da Academia Carioca de Letras (ACL).

Em 2017 foi agraciado com a Medalha e o Diploma do Mérito Municipal, concedido pela Prefeitura Municipal de Parnaíba, em sua terra natal.

Em 2019 foi distinguido com o Prêmio Mário Faustino da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, pela obra “Velas náufragas”.

Em 2020 foi galardoado com a Medalha e o Diploma Austregésilo de Athayde da Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras.

Membro Titular do PEN Clube do Brasil, da Academia de Letras do Brasil (onde sucedeu ao Escritor Cyl Gallindo), da Associação Nacional de Escritores, da Confraria dos Bibliófilos do Brasil, da Academia Piauiense de Poesia e da Academia Parnaibana de Letras (onde sucedeu ao Ministro João Paulo dos Reis Velloso).

Fundador e Primeiro Presidente da Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva.

Membro Correspondente da Academia Cearense de Direito, da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE-RJ) e da Academia Carioca de Letras.

Membro Honorário do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba.

Um dos fundadores da Academia Brasileira de Direito (ABD), onde ocupa cargo no Conselho Superior da instituição.

Diego Mendes Sousa é considerado pela crítica especializada e pelo público, como um dos maiores poetas da historiografia literária pátria. Sua poesia encontra-se traduzida para o espanhol, o inglês, o grego, o romeno e o francês.

 

 

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(Carlos Nejar e Diego Mendes Sousa)

 

 

VERBETE SOBRE DIEGO MENDES SOUSA NO LIVRO “HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA – DA CARTA DE CAMINHA AOS CONTEMPORÂNEOS”, DE CARLOS NEJAR

 

Registro, igualmente, (...), e a figura que surge com “arrebatamento lírico”, no dizer de Lêdo Ivo, que é poeta e crítico, Diego Mendes Sousa, filho da Parnaíba, (1989-), de que muito se dirá, tendo publicado Fogo de Alabastro, Candelabro de Álamo e Metafísica do Encanto, com a expressão de um novo Simbolismo, com ambição e alteza. Diego é advogado, indigenista e extraordinário crítico literário, analista profundo e erudito. Além dos volumes já mencionados, saíram vários livros seus, em 2019: Fanais dos Verdes Luzeiros, O Viajor de Altaíba, Tinteiros da Casa e do Coração Desertos, Gravidade das Xananas e Velas Náufragas. Donde se depreende que, salvo as publicações iniciais e com essas, no mesmo ano, não se percebe uma trajetória que se vai ascendo, pouco a pouco, mas uma explosão de amadurecimento estético, o que é curioso e admirável, impondo-se um horizonte lírico poderoso, onde se canaliza forte amor à terra natal, a presença marítima, com temas que se entrelaçam, harmoniosamente, como o amor, a morte, a solidão, a miséria, o limite. Ou a coragem de “mergulhar no clarão”, traduzindo lembranças em precioso armazém verbal, assumindo certa mitologia mágica. E um nomadismo, aliado a uma alquimia que não se perturba com a incandescente alucinação da beleza, certo, com Blake, de que “a exuberância é beleza”. Busca sempre e obstinadamente, o que determina a sua grandeza, o que Octavio Paz chama de “convocação do tempo original”.

 

Carlos Nejar, em História da Literatura Brasileira – Da Carta de Caminha aos contemporâneos. Quarta Edição, Revista e Ampliada. Editora Noeses. Ano de 2022. 1.172 páginas.

 

 

 

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TRÊS POEMAS DE DIEGO MENDES SOUSA

 

 

AMO CANTADOR

 

 

 

Eh flor do tempo!

O meu boi é um menino

que foge do medo...

Meus sonhos vaqueiros                                                             

Meus cordões de dor

passam pelas ruas da infância

clarim de bumbar a noite tá! tá! tá!

Meu boi renascerá

Eh eh eh boi!

Minha azulada toada

ainda se ouvirá no evo

enquanto o meu boi

de repente magoado

se lembrar de acordar!

 

 

 

 

RIO

 

 

 

Desde cedo

desci ao encontro das águas

do meu reino

 

rapidamente

 

desci

como quem despenca

da luz

de incerta

forma

prematura

 

o encalço do tempo

a desvairada vazante

 

e o bojo do Parnaíba

a singrar

as suas miragens

e os seus fantasmas

na maior pressa

 

crescidos

sobreviventes

 

ao

mirante

disperso

 

diante

do meu

escândalo

humano

 

e retardado

 

O rio

da minha geografia

de poeta antecipado

é barrento

 

Igaraçu transbordante

 

     do seu leito  

           os meus        

                 mistérios

 

 

 

O PIAUIENSE

 

 

Andarilho das percepções do tempo

o meu ser piauiense tem rosto

e sangue de Capivara

os Tremembé, os Tabajara, os Potiguara

todas as etnias extintas

transpuseram léguas de Caatinga

a roçar no Cerrado das Serras

Confusões, Pradarias, Sete Cidades

até alcançarem o oceânico

Poti, Canindé, Longá

do mar do Piauí

que se desmemoria

no Delta do Rio Parnaíba

em ilhas, dunas, guarás...

Igaraçu

paisagem barrenta                                                                                                           

alma de lama

dos caranguejos

e exílio da noite

dos siris...

 

O Rio Parnaíba

em seu curso

de peregrino

caminha em estirão

por dentro

da Mata de Cocais

e suas águas sibilinas

com braços fecundos

de espanto

são outros retratos

Atalaia, Arrombado, Peito de Moça

Coqueiro, Macapá, Maramar,

Barra Grande, Barrinha

espelhados

no olhar abismado

e celestial das xananas

 

Oeiras, Teresina,

Parnaíba...

cajuína

cajueiros e cajus                                                               

os bodes as éguas

os vaqueiros

os horizontes

de carnaúbas

e os carnaubais

no assobio

desse vento Nordeste

que atravessa também

a existência das cousas

campos verdes, chapadas,

lagos e lagoas

terra dos piaus

terra dos piagas

 

 

Piauí... meia

geográfica brasileira

que calça

o meu sentido

de pertencimento

e não peço novo nome

para a minha origem,

sou daqui!

 

 

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