Há poucos dias o ex-ministro Reis Veloso questionava se um país como a China, com um bilhão e meio de habitantes, poderia ser uma Democracia. Difícil. A magnífica abertura Olimpíadas mostrou muito bem isso: ali estava a velha China imperial. Os símbolos expostos revelavam o desejo, que é comum a todo império, de tudo dominar, de tudo abranger, de ser o império universal. O estádio belíssimo era um ninho ou um cercado mundial de aço? O Estado moderno, apesar
da globalização, como empresa, sempre vê no seu vizinho um perigoso concorrente. Todo Estado sempre se prepara para a guerra. A guerra é a mãe do Estado. A idéia de dissolução das nacionalidades e do nacionalismo nasceu nas internacionais socialistas, que viram isto desde 1848. Mas o projeto de dissolução dos Estados nacionais, e do nacionalismo, hoje, ameaça com sinais de um Império Universal. O impasse do militarismo moderno reside na organização de um império que se tem de consolidar econômica e universalmente. Se o problema do Estado é a existência de outro Estado nas suas fronteiras, o problema do Império é a existência de outro Império, ainda que a existência potencial militar da China ainda não seja uma "ameaça".