Poeta e professor Élio Ferreira
Poeta e professor Élio Ferreira

Da redação

Ele era marcante. Possuídor de um jeito cativante, sempre propenso à conversa natural e ao riso fácil de quem vê a vida com leveza, Elio Ferreira, poeta e professor da Universidade Estadual do Piauí, faleceu dia 11, quinta-feira, aos 68 anos. A comoção entre amigos, colegas de profissão, leitores foi geral.

Élio Ferreira trabalhou como técnico em educação do Mec e professor universitário. Mas em sua trajetória, destacava-se na memória coletiva a figura do poeta irreverente que se consolidou como um dos principais ativistas culturais da poesia das últimas três décadas no Piauí. Por muito anos, organizou o sarau Roda de Poesia e Tambores, que acontecia no Complexo Cultural Clube dos Diários.

O editor de Entretextos, Dilson Lages, leitor de Ferreira, sempre acompanhava a produção e o fazer do poeta. Para ele, "Poesia e performance eram, para Élio Ferreira, irmãs siamesas", diz, acrescentando: "O contra-lei é obra singular em nossa literatura. Profundo conhecedor de literatura e estudioso da poesia, foi muito além do poeta para quem a poesia era resistência à opressão. O poeta que levou a dimensão sonora da forma à condição de experimento, sem perder o plano da experiência e da emoção. A poesia que reproduzia o toque dos tambores, as essências da cultura africana, o som do malho do ferreiro, o toque dos dedos digitando... fez de Élio um poeta único".

Dílson Lages comenta, ainda, que para entender a obra de Élio, é preciso examinar as matrizes de algumas das leituras de sua formação: a antropofagia modernista, o concretismo, o tropicalismo e as obras de Ezra Pound e Torquato Neto. Nas duas últimas décadas, Élio se tornou um dos notáveis pesquisadores de literatura afro-luso-brasileira no País. "Sua obra permanecerá", finaliza Lages Monteiro.

Élio Ferreira deixa saudades!

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