O ideal do capitalismo, que nasceu do chamado mercado aberto, é conseguir o máximo de objetividade no mínimo de riscos, medo que nunca perdeu devido à característica inicial de jogo de que vivia o chamado mercado aberto. Foi por isso que o Renascimento experimentou uma época de tantos desastres e guerras.
Na raiz da crise atual do capitalismo está o fato de que ele deve gerar lucros sempre, de que ele deve crescer sempre, subir sempre. O capitalismo está condenado a crescer. Crescer ou morrer. Ele deixou de ser capitalismo de produção de bens de consumo para transformar-se em capitalismo (sob controle estatal) de produção de serviços (saúde, educação, treinamento, lazer e cultura). Além disso, o capital aumentou demais, gerando a volatilidade.  O aumento da produção de serviços e a produtividade crescente, além da ameaça inflacionária (devido a demandas salariais e a crescente tendência ao aumento dos “funcionários” públicos que prestam serviços sociais), e a redução da capacidade competitiva dos Estados Unidos no mercado mundial são considerados as raízes da crise atual. Os conflitos políticos do futuro eclodiriam em torno de problemas de interesse público (produção de serviços), tais como saúde, educação, proteção ambiental, criminalidade etc. Mas isto tudo de modo diferente do Manifesto Comunista de 1848 e dos revolucionários estudantis de 1968. Na economia permanece a questão trabalhista. Mas não na sociologia e na cultura, nem na política. Neste sentido, as mudanças e os conflitos da sociedade pós-industrial representam uma mudança ideológica na atual sociedade ocidental.
O modo de produção capitalista adotou o sistema econômico racionalizado sob controle estatal a partir da Primeira Guerra Mundial, sob mecanismos reguladores, assegurando à produtividade do trabalho um progresso cada vez mais desenvolvido e um método de exploração de recursos, em que tudo é testado por aparelhos cada vez mais sofisticados e aperfeiçoados de tempos em tempos, criando assim a pesquisa industrial.
No mundo moderno, a saída se encontra na produtividade e suas conseqüências, tais como os sistemas de crédito e o planejamento. O que sustenta esse sistema de capitalismo avançado é o desejo de lucros, o aumento do capital das empresas, as investidas econômicas, o progresso de sucesso dos “melhores” e dos ‘‘maiores’’, a performance do lucro líquido, embora com a conseqüente e aparente distribuição pelo sistema de participação dos empregados das empresas. E onde até as chamadas políticas de interesse social nada mais são do que investimentos sociais, isto é, o sistema investe recursos nos homens e tal investimento, como qualquer outro, é uma atividade racional visando a um fim de retorno, igualmente financeiro, para aumentar a produtividade.
Os sistemas econômicos modernos foram beneficiados pela ciência estatística, para o fim de padronizar o grau de eficiência das empresas e para a previsão da relação correta entre o investimento, a produtividade e a lucratividade (lucro líquido sobre o faturamento da empresa), em que há estatísticas para tudo, principalmente para as taxas de crescimento comparativamente ao lucro, ao patrimônio investido e ao imobilizado com as instalações.
Essa tecnologia reguladora do sistema econômico assegurou ao capitalismo avançado um crescimento contínuo, embora pontuado de crises, através de novas estratégias, de novas tecnologias, de tal forma que a inovação foi institucionalizada como uma necessidade, para auto-regulação do próprio crescimento econômico, o que é totalmente o oposto das sociedades tradicionais. Essa inovação institucionalizada provoca um processo de modernização contínua, não significando que o sistema se modifique estruturalmente pelo novo, mas que sua estrutura dinâmica cresça e evolua com novas tendências e formulas de regulação, num movimento de expansão da atividade de racionalização, assumindo a forma legítima de dominação e de totalitarismo. E a isso corresponde o fim das sociedades tradicionais.
Diz Habermas que o “capitalismo se define por um modo de produção que não somente põe em problema como também o resolve”.  A legitimação da sociedade capitalista não desce do céu, como na Idade Média, mas está estabelecida sobre a base do trabalho social. O sistema de dominação do mundo moderno está justificado, invocando-se a legitimação das relações de produção, onde o mecanismo econômico fica em permanente expansão, desde o subsistema de onde se originou e onde começou a crescer, a saber, o subsistema que era constituído pela organização racional visando a um fim específico dentro do sistema da sociedade tradicional . Agora, os sistemas de dominação estão adaptados as exigências de racionalidade.
A racionalidade “por baixo” significa a adaptação as condições da mudança comercial e aos novos modos de produção, a infra-estrutura social (o sistema escolar, por exemplo, as Forças Armadas, a família, isto é, uma urbanização das formas de vida).
A esta racionalização “por baixo”, corresponde uma racionalização “por alto”, a saber, trata-se de legitimar a dominação e orientar a ação.
A visão do mundo tradicional perde diante disto sua força e validade. São destituídos de valor os mitos, as religiões e as metafísicas justificativas. Em lugar disto, aparecem éticas e crenças subjetivas, que asseguram o caráter obrigatório da orientação moderna.