Diego Mendes Sousa e José Francisco Paes Landim
Diego Mendes Sousa e José Francisco Paes Landim

 

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UM POETA DA PARNAÍBA

 

Por José Francisco Paes Landim

Advogado, Professor de Direito e Ex-Deputado Federal

 

 

         O MAR

 

         Minhas mãos carregam o sal cristalino

         das ondas do mar do Piauí

         Onde me encontro?

         Em que solidão me amparo?

         Até donde vai o destino dos pássaros?

         A memória talvez transcenda as águas

         que há muito conheci

         O menino remanesce no marulho triste

         da sua vida em arrulho

         e espantado resguarda os corais

         renascidos ante o mar do Piauí

 

         [...] “uma poesia de uma inspiração a um tempo singela e sutil, toda em meias-tintas, [...] uma poesia natural, no entanto, jorrada de fonte, às vezes mesmo quase popular; uma poesia onde os ritmos, livres e partidos, guardam uma harmonia deliciosa, onde as estrofes volteiam e cantam como um brinquedo infantil de roda, onde os versos – e entre os mais raros – já têm de música.”.

         A poesia de Diego Mendes Sousa faz lembrar-me – um modesto ledor de poesia, o que Vinicius de Moraes escreveu em “Poesia e Música em Verlaine”, (In “Crônicas Inéditas”, Companhia das Letras, 2022).

         Roberto Cajubá, no discurso de recepção a Diego, na Academia Parnaibana de Letras, falou que desde adolescente ele era vocacionado para as letras, a poesia, sobretudo. Ele o confessa em uma das suas poesias, “o rio da minha geografia de poeta antecipado é barrento / Igaraçu transbordante / do seu leito / os meus mistérios.”. Diego era um dos maiores amigos da saudosa Nélida Piñon, com quem almocei, várias vezes, anos atrás, na bela mansão do fascinante amigo Álvaro Pacheco, no Joá, Rio de Janeiro. Diego Mendes Sousa nasceu e viveu em torno dos Rios Igaraçu e Parnaíba, o Delta das Américas, o mar, natureza, enfim.

         Diego que tenta resgatar a potencialidade cultural da Parnaíba, tem de dar outro contributo à sua terra natal. Ajudar a pesquisar o seu passado histórico, até porque não podemos esquecer que até meados do século passado, segundo o excepcional Reis Velloso, as correspondências recebidas, eram Parnaíba – Norte do Brasil. Foi no governo de Chagas Rodrigues que Parnaíba se viu, definitivamente, piauiense.

 

Artigo de José Francisco Paes Landim, originalmente publicado no Jornal Meio Norte, de Teresina-PI, em 05 de abril de 2023.