Foto de André Martins
Foto de André Martins

[Eneas Athanázio]

A Capital piauiense completou 170 anos. É ainda uma cidade jovem, comparando-se com a maioria das demais. Considerada a Cidade Verde, está situada à margem direita do Rio Parnaíba que divide o Piauí do Maranhão. Situa-se no sertão nordestino, lembrando que sertão, aqui para nós, é a floresta, o mato inceiro, enquanto por lá é a caatinga, o semi-árido. Por tudo isso, é uma cidade de clima quente e seu calor é a forma calorosa com que recebe os visitantes, com perdão da redundância. É a única capital nordestina distante do litoral, foi pré-planejada e sucedeu a Oeiras, no sul do Estado, a primeira capital. Tenho o prazer e a honra de portar a Comenda Conselheiro Saraiva, o fundador da cidade, e o título de Cidadão Honorário do Piauí. Estive lá muitas vezes e conquistei inúmeros amigos.

Organizado pelo escritor e fotógrafo Inácio Marinheiro, com a colaboração dos também fotógrafos Juscelino Reis e Terceiro Matos, foi lançado o belíssimo livro-álbum “ Teresina – 170 Anos”, contendo belas imagens da cidade colhidas pelas lentes do trio. Foram fixados os mais expressivos logradouros e os mais belos panoramas que enchem os olhos do leitor. É admirável verificar como a cidade cresceu em todos os sentidos e se desenvolveu com elegância à margem do caudaloso curso d’água que a banha. Teresina está muito longe daquela que visitei pela primeira vez em 1970 e se apresenta moderna e movimentada. Como dizem os organizadores, a publicação contém “verdadeiros cantos de louvor e exaltação à bela e acolhedora Cidade Verde” nos poemas de autoria de inúmeros poetas piauienses de ontem e de hoje que ilustram as imagens com seus inspirados versos. É, na verdade, uma antologia ilustrada.

O prefácio é de autoria de Adrião Neto, um dos mais profícuos homens de letras daquele Estado e que considero o arauto do Piauí, tal o seu empenho na divulgação do Piauí e sua Capital. Ele revela nesse breve texto o imenso serviço prestado por Inácio Marinheiro à sua terra de adoção. Plínio da Silva Lopes, em pequeno ensaio, recorda o nascimento de Teresina na confluência dos rios Parnaíba e Poty, cujas águas resistem e tardam a se juntar. Era a Vila do Poty, na Chapada do Corisco. Lucia Ana de Melo Silva contribui com uma crônica memorialista descortinando a Teresina de outrora, nos idos de 1974. Outra crônica registra os efeitos da pandemia sobre a cidade e seu povo, observando com olhar agudo as transformações impostas pela doença. E, em seguida, tem início o deslumbrante desfile de todos ilustradas por poemas das mais variadas correntes e estilos.

Entre os poetas publicados estão Adrião Neto, Altevir Alencar. Barros Pinho, Cineas Santos, Domício Proença Filho, Elmar Carvalho, Francisco Miguel de Moura, H. Dobal, Hardi Filho, Francisca Lopes, Lisete Napoleão, Lucídio Freitaas, Nara Santos, Oliveira Neto, Paulo José Cunha, Raisa de Caldas Castelo Branco, Rubervan Du Naascimento, Torquato Neto, Zózimo Tavares. Homens, mulheres, jovens, maduros. Todos entoando louvores à sua cidade. Muitos deles meus conhecidos. Seguem-se notas biográficas dos participantes.
Todas as fotos são de alto nível artístico. Algumas sobrelevam pelo local e pelo ângulo retratados. Assim acontece com a visão de Teresina e suas três pontes, o Palácio de Karnak, sede do governo, a Praça da Bandeira e suas cores, os tarrafeiros do Parnaíba, a visão da Catedral Metropolitana, o bosque e o Cabeça-de. Cuia, a noite na Metrópole, o restaurante flutuante, a Ponte João Luís Ferreira (governador que foi colega de Lima Barreto na Politécnica do Rio de Janeiro), a vista panorâmica, a gare ferroviária, o encontro das águas, o Teatro, o casario antigo. Depois desta lista, retornei ao livro-álbum e fiquei em dúvida sobre minha escolha. Terei feito justiça? Confesso que não sei.
Concluindo, felicito aos que idealizaram e realizaram esta magnífica homenagem à Cidade Verde. Ficará como um marco.