Pé de canapum

[Chagas Botelho] 

Outro dia, um amigo muito querido, postou em suas redes sociais, a imagem de um pé de canapum em tenra idade. Botânico nas horas vagas, ele cultiva a plantinha na sacada de seu apartamento. Para os mais jovens que desconhecem o canapum, trata-se de uma fruta delicada. É pequena e redonda. Tem a parte comestível protegida por uma folha que, inflada, carece ser estourada. O formato dela lembra a de um balão inflável.

Admirei-me da imagem postada. Passei alguns minutos apreciando-a como se olhasse a um Monet. Como ainda é pequenino, o pé de canapum do meu amigo, talvez, demore a dar bons frutos. Mas quando aflorar, o espetáculo será hipnotizante. Pois, a coloração dos frutos vai do amarelo ao verde e passa pelo vermelho. Esta metamorfose de cores é outra fase que impressiona. Outra coisa, o canapum, também conhecido como “joá-de-capote”, “saco-de-bode” e “mata-fome”, fornece grandes benefícios à saúde. Saiba disso.

Quando havia galos, noites e quintais, como diria o cantor Belchior, sobretudo mais quintais, eu vivia procurando canapum, nas quintas alheias. A caça aos Physalis (nome científico) era uma festa. Uma alegria imensa para quem conseguisse catar o maior número possível, desta fruta que é da mesma família do tomate, batata, pimentão e pimentas. A colheita de canapuns era uma competição acirrada entre os meninos da minha infância. Bacias repletas eram expostas em fileiras para que se fizesse a contagem de votos, quer dizer, a contagem das frutinhas exóticas e que se desenvolvem em casulos de folhas.

Aqui, direto do meu encantamento, rogo que a muda do meu amigo atinja o cume. Que possa frutificar quantas vezes for preciso. E, que ele não se esqueça de me trazer um punhado daqueles bem madurinhos. Daqueles que encantam os olhos e o paladar. Afinal, a boca já está se desmanchando em desejos.