Os professores devem fazer da pesquisa diuturna um princípio educativo na sua prática docente.

Os professores devem conhecer (e bem) cada um dos seus alunos, suas circunstâncias pessoais, suas limitações e possibilidades.

Os professores devem ter liberdade de ensinar para, com a mente e as mãos livres, viabilizar a liberdade dos seus alunos, desencadeá-los.

Os professores devem tornar-se construtores de inovações, mesmo que para isso precisem empregar ultrapassados expedientes...

Os professores devem saber abordar, com desenvoltura e jogo de cintura, temas culturais, temas formativos, temas transversais em todas as suas aulas.

Os professores devem saber, na teoria e na prática, que não precisamos apenas de saberes práticos ou apenas de teorias gerais.

Os professores devem saber lidar com todo e qualquer tipo de problemas, reconhecendo-os, equacionando-os, analisando-os e... pior: resolvendo-os!

Os professores devem despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenrolar das mais variadas situações de aprendizagem.

Os professores devem ser como o maestro que rege a orquestra do conhecimento, como o jardineiro que rega seu jardim, como o treinador que orienta o seu time.

Os professores devem pertencer àquele tipo de criatura humana social que é dominado pela tendência irreprimível de servir aos seus semelhantes.

Os professores devem estar preparados psicológica e intelectualmente para exercer suas funções com responsabilidade e harmonia.

Os professores devem proporcionar aos alunos variadas fontes de pesquisa e leitura, indicar peças de teatro, filmes, exposições, sites etc. (Sobretudo o etc.)

Os professores devem ser verdadeiros líderes e ao mesmo tempo bons companheiros dos alunos. Orientadores e parceiros. Modelos e amigos.

Os professores devem ter visão clara de seus objetivos e saber articular diferentes estratégias para atingi-los. Ah, e intimidade com as novas tecnologias!

Os professores devem estar atentos às oportunidades em que cada aluno consiga expressar sua insegurança, ou sua dúvida, ou sua certeza, ou sua opinião.

Os professores devem estar atualizados, informados, formados, reformados, transformados (jamais transtornados...), ciclados e reciclados, abertos e preparados, cientes e conscientes, ativos e perceptivos, lúcidos e a postos, vivendo sem medo, em paz, lecionando com amor e criatividade, enfim, devem reunir todas as qualidades, viver com heroísmo e santidade todas as virtudes, devem ser mitos, utopias vivas!

Mea culpa, mea culpa... por todos os deveres que atribuímos aos professores, e por nunca avaliarmos quanto esses deveres pesam e... custam.

Gabriel Perissé é  autor do livro recém-lançado Elogio da Leitura, pela Editora Manole.