Na primeira vez que estive em Frankfurt, que foi a melhor, notei que, no noticiário da TV, não apareciam notícias policiais. Perguntei então ao meu amigo L.: “Aqui não ocorrem crimes?” – “Sim. E terríveis”, respondeu ele. - Como não aparecem na TV? Perguntei. “São proibidos de aparecer”, disse-me ele. “Uma Associação de consumidores ganhou na Justiça o direito de nada saber sobre isso. Se há crimes, o problema é da polícia, e cabe à polícia nos proteger dos criminosos. Nós temos o direito de não ser amedrontados, e meus filhos não podem ver isso em casa”.  “Se há um assassino à solta na rua, acrescentou, cabe à polícia capturá-lo, e para isso eu a pago com impostos. E não podem os canais de informação fazer matéria sobre isso”. “E a liberdade de imprensa?” Perguntei. “- A liberdade de imprensa não pode estar acima da minha liberdade de viver em paz”, respondeu. “Eu não preciso saber que estou em perigo, de nada adianta. Cabe ao Estado assegurar que eu esteja em segurança”.
E realmente a polícia alemã vivia atenta a tudo. Nada lhe escapava.
Naquele tempo, eu fumava. Um dia, tarde da noite, desci para fumar um cigarro em frente ao prédio de L., na Mendelssohnstrasse. Como naquela cidade havia câmeras em todo canto, logo chegou um carro da polícia e parou a uns dez metros, a observar-me. Aquilo me incomodou, apaguei o cigarro e subi. Pois o policial foi ver pela porta de vidro para que andar eu ia. Deve ter lavrado a ocorrência!
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