De manhã o sangue a promessa, o assomo, o sonho, a juventude, a força. Depois a flor e o noivado, perfume, árvore, cântico amor. De tarde o esplendor da glória e do triunfo, o pensar maduro. A noite de saudade, as lágrimas, as folhas, o passado, o dormir. A vida toda perpassa no poema de Bilac, com a elegância e sonoridade do príncipe dos poetas do Brasil.

 

Ciclo

 

Manhã. Sangue em delírio, verde gomo,

Promessa ardente, berço e liminar:

A árvore pulsa, no primeiro assomo

Da vida, inchando a seiva ao sol... Sonhar!

 

 

Dia. A flor, - o noivado e o beijo, como

Em perfumes um tálamo e um altar:

A arvore abre-se em riso, espera o pomo,

E canta à voz dos pássaros... Amar!

 

 

Tarde. Messe e esplendor, glória e tributo;

A árvore maternal levanta o fruto,

A hóstia da idéia em perfeição... Pensar!

 

Noite. Oh! saudade!... A dolorosa rama

Da árvore aflita pelo chão derrama

As folhas, como lágrimas... Lembrar!