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Caio Júlio César[1] (em latim: Caius ou Gaius Iulius Caesar ou IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS[1]; 13 de julho, 100 a.C.[2] – 15 de março de 44 a.C.[3]), foi um patrício, líder militar e político romano. Desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano.

As suas conquistas na Gália estenderam o domínio romano até o oceano Atlântico: um feito de consequências dramáticas na história da Europa. No fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e econômicas em Roma.

O seu assassinato nos idos de Março de 44 a.C. por um grupo de senadores travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como Suetónio e Plutarco.

Nascimento e início de carreira pública

Caio Júlio César nasceu em Roma no seio de uma antiga família de patrícios chamada Iulius (pronuncia-se Julius), traduzindo para o português: Júlio, de acordo com a convenção romana de nomes. A sua ascendência, de acordo com a lenda, chegava a Iulus, filho do príncipe troiano Eneias e neto da deusa Vênus.[4]No auge do seu poder, César iniciou a construção de um templo a Venus Genetrix em Roma, em reconhecimento da sua "divina" antepassada. O seu pai era o homónimo Caio Júlio César e a sua mãe Aurélia, pertencia a também família patrícia: Cottae, traduzindo para o português seria: Cottas. Enquanto jovem, Caio Júlio viveu no Subura, bairro de classe média de Roma.

O cognome "César" se originou, de acordo com Plínio, o Velho, com um antepassado que nasceu por cesariana (do verbo latino para cortar, caedere,caes-).[5] A História Augusta sugere três explicações alternativas: que o primeiro César tinha uma cabeça cheia de cabelos (do latim caesaries); que ele tinha brilhantes olhos cinzentos (do latim oculis caesiis), ou que ele matou um elefante (caesai em mouro) na batalha.[6] César emitiu moedas com imagens de elefantes, sugerindo que ele favoreceu esta interpretação do seu nome.[7]

Os Iulii (Julii), em português: Júlios, embora aristocratas, não eram ricos para os padrões da aristocracia romana da época e por este motivo, nem o seu pai nem o seu avô atingiram cargos proeminentes na república. A sua tia paterna Júlia casou com o talentoso general e reformador Caio Mário, líder da facção populista do senado, os populares, por oposição aos optimates (conservadores). Para o fim da vida de Mário, as disputas internas entre as duas facções haviam chegado ao ponto de ruptura. Em 86 a.C., iniciou-se uma guerra civil interna, cujo resultado a longo prazo foi a ditadura (conceito romano do termo) de Lúcio Cornélio Sula.

César estava ligado ao lado derrotado de Mário por laços familiares: não só era seu sobrinho, como era também casado com Cornélia Cinila, filha de Lúcio Cornélio Cina, aliado de Mário e inimigo de Sula. A sua situação não era portanto das melhores. Sila ordenou o seu divórcio de Cornélia, mas César recusou abandonar a jovem mulher e fugiu de Roma para evitar as perseguições. O ditador ficou desagradado com o desafio mostrado pelo jovem de vinte anos mas poupou a vida de César, divertido pelo caráter do rapaz, dizendo "Há muitos Mários neste César" (conforme Suetônio). Mas apesar do perdão de Sila, César decidiu não ficar em Roma, partindo para a província romana da Ásia para realizar o seu serviço militar. Durante a campanha ao serviço de Lúcio Licínio Lúculo na Cilícia, César distinguiu-se pela sua bravura em combate e capacidades de liderança.

Depois da morte de Sila em 78 a.C., César regressou a cidade de Roma, iniciou a carreira como advogado no fórum romano e tornou-se conhecido pela sua brilhante oratória. As suas principais vítimas foram os políticos corruptos e culpados de extorsão. Com o perfeccionismo que sempre o caracterizou, César não estava contente consigo e viajou para Rodes para estudar filosofia e retórica com o gramático Apolônio Molo. Mas durante a sua viagem, o seu barco foi abordado por piratas que o raptaram. Quando exigiram um resgate de vinte talentos de ouro, César desafiou-os a pedir cinquenta, uma fortuna mesmo em moeda actual. Trinta e oito dias depois, o resgate chegou e César foi libertado depois de um cativeiro confortável onde fez amizade com alguns dos captores. De regresso à liberdade, organizou uma força naval, capturou o refúgio dos piratas e ordenou a sua crucificação.

Em 69 a.C., Cornélia morreu ao dar à luz um natimorto. Pouco depois César perdeu a tia Júlia, viúva de Mário, de quem era muito próximo. Ao contrário do que era costume, César insistiu em organizar funerais públicos para ambas, com direito a eulogias proferidas da rostra. O funeral de Júlia foi repleto de conotações políticas, visto que César fez incluir a máscara funerária de Caio Mário na procissão, a primeira contestação pública das leis de proscrição de Sila da década anterior. E apesar de ser público o afecto de César pelas duas mulheres (cf. Suetônio), houve quem interpretasse a atitude como propaganda para as eleições que se avizinhavam para o cargo de questor.
Fonte: Wikipédia