Por Maria do Rosário Pedreira
 
Não escrevi «fitas» a pensar em «cenas», mas a verdade é que também se aplica essa acepção à presente história. Na Queima das Fitas da Universidade de Coimbra, um grupo de estudantes de História (o curso é importante para o enredo) resolveram que o seu carro alegórico se chamaria, calculem, Alchoolocausto (!?). Enfim, na Direcção da Faculdade de Letras houve alguém sensato que, graças a Deus, chegou a acordo com as criaturas para evitar tal ofensa à dignidade humana e à memória do Holocausto; mas nem era preciso muita inteligência ou cultura para os jovens perceberem que de facto estavam a exorbitar. No entanto, os «fitados de História», em vez de aceitarem que se tinham precipitado, ficaram tão aborrecidos por não aproveitaram aquilo que achavam um nome bestial que resolveram falar de «policiamento académico» e «censura» (ver, por exemplo, a imagem abaixo). Então, 71 professores da Faculdade de Letras fizeram uma carta a demarcar-se de tais atitudes e a explicar o que realmente se passou, em que se acrescenta que, num folheto que os mesmos estudantes teriam feito no dia da memória do Holocausto (27 de Janeiro), falava-se de um extermínio «com o intuito de desembaraçar a sociedade alemã e a Europa de inúmeras comunidades sociais», frase que os professores consideram ou revelar ignorância pura e dura (o que é grave em alunos que estudam História), ou indisponibilidade total para referir com rigor os factos. Enfim, prefiro pensar que é ignorância (até porque estou sempre a ver casos semelhantes noutros contextos); mas, de «fitados» em História, esperavam-se realmente cenas mais informadas...