[Maria do Rosário Pedreira]

Alguns grandes nomes da literatura, como Charles Dickens, começaram a escrever para jornais folhetins que ficavam interrompidos numa semana e eram retomados na seguinte, suscitando grande curiosidade por parte dos leitores. O hábito dos fascículos perdeu-se (embora Rui Cardoso Martins alimente semanalmente no Público uma destas narrativas), mas eis que, em tempo de crise, o Expresso teve a bela ideia de fornecer aos caderninhos a História de Portugal mais completa que recentemente se publicou num só volume, assinada por Rui Ramos (coordenador), Nuno Gonçalo Monteiro e Bernardo Vasconcelos e Sousa. A obra era cara na edição original – sobretudo em época de dificuldades – e, por isso, é uma boa notícia que o semanário decida agora oferecê-la, até porque os conhecimentos dos portugueses sobre a história do seu país andam um bocado por baixo (como se depreende dos questionários feitos à porta das universidades a alunos finalistas, cujas respostas são de bradar aos céus). Além disso, se um livro volumoso nem sempre torna a leitura confortável, muitos levezinhos e de cerca de cem páginas tornam-se realmente um convite a ler, e não só a consultar. Se, por acaso, ainda não tem esta História de Portugal e é leitor do Expresso, guarde-a aos bochechos.