Há muito tempo vêm as grandes mídias de entretenimento e informação, mais especificamente, as que, sabidamente, detêm a maior parcela de aceitação ou audiência mensurável, tentando, subliminarmente, tornar comuns ou naturais tabus sociais e familiares quase dogmáticos – como, apologeticamente, estão fazendo com temas envolvendo orientação e adversidade sexual e o incesto. Relativamente à exploração sexual feita pelos meios de comunicação e manifestada no tratamento popularesco, não raro, acintoso, que dispensam, principalmente, ao homossexualismo e ao lesbianismo, isso já se faz comum no dia a dia das famílias que se utilizam de tais veículos para, não somente informarem-se, mas, divertirem-se. A desculpa de que se servem e que julgam óbvia e lógica é: quem não gostar que mude de televisão, rádio, jornal ou de revista. Às vezes, o novo canal selecionado não força a barra para mostrar cenas incestuosas, pois transmite um folhetim infantil; que, entretanto, explora situações discriminatórias ou preconceituosas: crianças brancas criticando as de cor diferente da delas; as normais ou magras, espezinhando as gordas ou obesas; as que possuem melhor situação econômica maltratando as mais pobres; tudo isso, senão com a conivência, com o silêncio dos fictos professores. A propósito do incesto – união sexual ilícita entre parentes consanguíneos ou afins -, por muitos havido como último bastião da moralidade humana, aquela grande rede de televisão, o fez por terra. Enquanto uma de suas novelas expõe beijos e afagos lésbicos entre duas anciãs, outra mostra filhos de um mesmo “reprodutor” vivenciando experiências sensuais despertadas pela atração sexual e paixão adolescente. Nada a contestar ou a condenar em nenhuma delas, é como pensam aqueles para os quais a felicidade plena deveria ser o objetivo e a grande meta da própria sexualidade. Como se quisessem afirmar que só se pode ser feliz, sendo-o sexualmente. Mente tacanha a de quem não vê felicidade como algo singular. Os que acham que tudo o que chamam arte ou verdade deve ser permitido mostrar, expor, anunciar, divulgar para a sociedade, ainda que essa demonstre desinteresse, certamente, veem como dispensáveis, despiciendos, irrelevantes, tolices, os dogmas, os ensinamentos, os conselhos, as normas de conduta impostas pelas religiões e, claro, os princípios morais e éticos. Ou seja, quando quaisquer deles tentam impedir ou proibir seres humanos, racionais e inteligentes, de verem, terem ou fazerem o que lhes der na telha, devem ser, simplesmente, desconsiderados. Antropólogos que afirmam não ter a sexualidade cunho biológico, devem fazê-lo no exercício do direito de discordar até mesmo do que não pode ser contestado. Todavia, fato é que, para a biologia (animal e celular, principalmente), a sexualidade tem, sim, não só um viés, cunho ou aspecto biológico-existencial, mas função biológica: a de manutenção das espécies. Há quem diga, inclusive e, com propriedade, que a forma biológica é o determinante básico de qualquer consideração sobre sexualidade. Por outro lado, negar o óbvio não é função da antropologia, da biologia, filosofia; enfim, de nenhum ramo de conhecimento que possa ser tomado como científico. Uns acreditam que a mídia vem, forçosamente, querendo impor à sociedade uma explícita e intransigente apologia à sexualidade, no que tange à orientação sexual. Outros, apenas veem no que está acontecendo, a erupção ou irrupção barulhenta de uma realidade tardiamente admitida. Entre uns e outros, os demais. Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]