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            Foi um homem de ideias e ação que apostou fundo no desenvolvimento econômico do Piauí. Engenheiro, professor, escritor, cientista, poliglota, veio ao mundo em 9 de abril de 1857, na fazenda Ininga, do termo de União, hoje de José de Freitas, antiga vila de Livramento, nos arredores da Capital. Foram seus pais o capitão Antônio José de Sampaio, primeiro do nome e abastado fazendeiro (1821 – 26.6.1889) e D. Rosa Merolina de Sampaio (1823 – 1915). Pelo costado paterno era neto de José Joaquim de Sant’Anna e D. Veneranda Rosa de Sant’Anna. Pelo materno era neto de Estêvão Lopes Castelo Branco e D. Lina Rosa de Jesus, todos fazendeiros de avultados cabedais, parentes entre si e oriundos de tradicionais famílias piauienses.

Depois de cursar as primeiras letras em sua terra natal, ainda criança foi mandado pelos genitores para estudar em São Luís do Maranhão. Prossegue nos estudos, educando-se e instruindo-se no Seminário, sob a firme e sábia orientação do cônego Luiz Raimundo da Silva Brito, que depois seria deputado provincial pelo Maranhão e bispo de Olinda.

Em seguida, para aprimorar sua formação intelectual seguiu para a Europa, por volta de 1871, fixando-se na cidade de Zurich, na Suíça com ligeira passagem pelas escolas de Weisthertur, na Alemanha. Ali encetou seus estudos com afinco e determinação, bacharelando-se em Letras e concluindo Engenharia, Artes e Manufaturas, pela Escola Politécnica Federal Suíça. Sem perda de tempo, na mesma escola de ensino superior doutorou-se em Ciências Físicas e Naturais, defendendo sua tese e concluindo o doutorado em 18 de novembro de 1881. Nessa época fez proveitosa leitura de naturalistas do porte de Hartt, Gardner, Martius, d’Orbigny, Koster e Agassiz, entre outros. Paralelamente a essa formação acadêmica estudou diversas línguas neolatinas, ao ponto de falar fluentemente seis idiomas. Por fim, antes de retornar ao Brasil, empreendeu viagem de estudo por vários países da Europa.

Em princípio do ano de 1882, com a mente borbulhando de ideias novas regressou ao seu País, demorando-se pouco tempo em meio aos familiares, no Piauí. Moço finamente educado na Europa, onde permaneceu por uma década, entre os quatorze e vinte e quatro anos de idade, durante sua ligeira estada no Piauí, tentou a todo custo despertar o ânimo e o interesse dos criadores da região de Campo Maior para a pecuária de leite, não obtendo, porém, êxito. É que se inspirava no sucesso dos lacticínios suíços e flamengos, que os conhecera. Sobre esse episódio, anotou o acadêmico Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves:

“Os criadores ouvem a explanação atentos e silenciosos. No fim, não lhe recusam aplausos. A boa educação e a urbanidade tradicional impõem tratamento respeitoso e afável ao hóspede ilustre. Mas, em verdade, o calor das falas ouvidas não lhes infundiu coragem. Acendeu-lhes, ao contrário, muitas dúvidas. O que lhes fora dito como proposta auspiciosa parecera-lhes, antes, uma inovação revolucionária. E, contra todas as sedutoras promessas, opunha-se a realidade, herança avoenga de mais de dois séculos, expressa na rotina satisfeita, modorrenta e despreocupada a que tão bem se acomodavam. Todos responderam à sugestão de maneira evasiva. Tiveram como muito mais seguro permanecer como estavam. O progresso, da forma por que lhes era acenado, além de excessivamente trabalhoso e cansativo, se lhes afigurava por demais arriscado. O que haviam recebido dos maiores, pretendiam legar, sem desfalque, à prole, garantindo-lhe igual quietude e tranquilidade”(GONÇALVES, L. M. R. Brasília: 1980:243).

Sobre esse mesmo episódio, também anotou a escritora carioca Augusta Franco de Sá de Sampaio, esposa do biografado:

“... muito anteriormente à propaganda e prática dos princípios e meios que somente agora estão sendo adotados e seguidos em diversos outros Estados, já procurava ele em 1882 introduzi-los em sua terra natal, para promover e estimular o seu progresso industrial, com auxílio e cooperação de todos os criadores”.

Depois desses esforços inúteis, retorna a Livramento e, em seguida, ao Rio de Janeiro, onde chegou no final de junho, iniciando vida profissional. Na primeira semana de julho foi recebido pelo imperador Pedro II, conforme noticia o Jornal do Comércio daquela corte(edição de 11.7.1882).  A partir de 11 de setembro do mesmo ano faz divulgar anúncio no mesmo veículo de imprensa, endereçado aos pais de família que desejassem educar seus filhos em suas casas, segundo os mais modernos métodos de ensino adotados na Suíça e Alemanha, onde estudara, tanto em línguas vivas quanto em ciências matemáticas, físicas e naturais, para poderem freqüentar com proveito qualquer escola do Brasil ou estrangeiro. Informa que os interessados poderiam se dirigir ao cônego Brito, no Seminário de Santo Antônio, à casa do farmacêutico Eugênio Marques de Holanda, na Rua Visconde do Rio Branco ou ainda à Rua Oito de Dezembro, 2, São Francisco Xavier (Jornal do Comércio, 11/22.9.1882). No ano seguinte, dedicou-se então ao magistério de Física Industrial e Química na Escola Politécnica, como lente substituto interino do curso de Artes e Manufaturas, aí permanecendo entre os anos de 1883 a 1894, quando começou, de fato, seu empreendimento no Piauí. Nesse espaço de tempo, em presença do Imperador, no Externato Aquino, fez diversas conferências sobre ciências e assuntos práticos. Moço culto e inteligente, envidou esforços para reformar o ensino técnico no Brasil, chegando a escrever e publicar interessante estudo, de parceria com o professor Antônio Ennes de Sousa, um maranhense seu contraparente que ali também lecionava. Porém, em face de defender essa reforma no ensino técnico, sobretudo a divisão da cadeira de Química Industrial em Orgânica e Inorgânica, enfrentou a firme oposição de outros lentes, cujos protestos e defesas de pontos de vista pipocaram na imprensa, com ataques e descomposturas de parte a parte. Nesse tempo, por sua iniciativa foi criado no Rio de Janeiro, um laboratório de química analítica para análise dos produtos nacionais e estrangeiros.

Com o auxílio do dr. Wilhelm Mickler, mestre alemão que fora seu professor na Escola Politécnica de Zurich e que radicara-se no Brasil desde novembro de 1882, lecionando interinamente no curso de Artes e Manufaturas da Escola Politécnica do Rio, procedeu a várias análises de vegetais brasileiros, no laboratório daquela escola, descobrindo algumas fibras de valor comercial, a exemplo do que ocorrera nas matas do município de Santa Bárbara, em Minas Gerais (Jornal do Comércio, 22.12.1883)  

Mas o passo mais decisivo de sua vida, Antônio José de Sampaio estaria por dar, aquele que o notabilizaria como pioneiro das indústrias de lacticínios no norte do Brasil. É que em 26 de abril de 1889, celebrou importante contrato de arrendamento com o governo imperial, passando a gerir as Fazendas Nacionais que haviam sido confiscadas aos jesuítas no Piauí e, anteriormente, pertenceram ao conquistador Domingos Afonso Sertão. Era o primeiro passo para realizar o sonho de implantar a indústria pastoril em terras piauienses. Entretanto, com a queda da monarquia e proclamação da República em 15 de novembro do mesmo ano, passou a enfrentar resistência de muitos opositores, culminando com a revogação do contrato em 9 de abril de 1891, no governo Deodoro da Fonseca, sob a falsa alegação de descumprimento de cláusulas. Felizmente, depois de vários embates, em 1893, já no governo Floriano Peixoto, teve restituídos os seus direitos.

Por esse contrato, o Engenheiro Antônio José de Sampaio arrendava as Fazendas Nacionais pelo prazo de nove anos e ao preço de 20:000$000 (vinte contos de reis) anuais. Assumiu o compromisso de promover a colonização, fundando colônias formadas de nacionais e estrangeiros, sendo metade pelo menos de estrangeiros, obrigando-se ainda a manter à sua custa o Estabelecimento Rural S. Pedro de Alcântara, que fora fundado pelo falecido agrônomo Francisco Parentes, mantendo a sua finalidade de acolher libertos menores e dar-lhes instrução primária, artística, industrial e zootécnica, assumindo as despesas com pessoal; criar e manter à sua custa uma estação meteorológica; desenvolver em grande escala a criação de gado lanígero e introduzir nas ditas fazendas melhoramento genético, com melhores raças de gado vacum, lanígero, cavalar e muar; fazer aquisição de maquinaria moderna para fabricar manteiga, queijo, leite condensado e outros produtos dentro dos mais modernos padrões, trazendo da Europa pessoal qualificado; montar frigorífico e contratar pessoal para abater gado e preparar a carne seca e mais produtos congêneres, logo que se fizesse necessário; desenvolver a lavoura de cereais, sobretudo de cacau e de cultivo do bicho da seda; montagem de fábrica de gelo – sistema Linde, utilizando amoníaco e bomba a vapor, para refrigerar e conservar o produto; funilaria, serraria circular e vertical, etc..

Por seu turno, o governo obrigava-se a vender as ditas fazendas ao arrendatário, no fim do seu contrato, ou antes, pelo preço de 400:000$000, desde que tivesse ele cumprido as suas condições.

A entrega das fazendas deveria ser feita mediante inventário, procedendo-se à contagem do gado. Sobre essas fazendas, é importante ressaltar o relatório do presidente da província, de 27 de junho de 1889: Departamento de Canindé compõe-se das seguintes fazendas: Fazenda Nova, Poções, Salinas, Campo Grande, Castelo, Campo Largo, Ilha, Buriti, Saco, Saquinho, Oiti, Tranqueira, Pobre, Sítio, Baixa, Nova Fazenda, Torre e Residência, com casas, demais benfeitorias e 19.565 cabeças de gado vacum e 8.745 de cavalar, assim avaliados: gado vacum (259:164$000), cavalar (28:805$000), benfeitorias (24:830$000) e terras (47:500$000), o que demonstra que a  terra  em si não tinha grande valor comercial. Nas demais fazendas que compunham os departamentos do Piauí e Nazaré, existiam apenas as terras, vez que o gado fora vendido. Deste último departamento achavam-se a cargo do Ministério da Agricultura as denominadas Serrinha, Algodões, Olho d’água, Matos, Guaribas e Rio Branco, que constituíam o patrimônio do estabelecimento São Pedro de Alcântara(COSTA, 2010:467/468)

Depois de resolver os imbróglios burocráticos e tomar medidas de urgência, Sampaio parte para a Europa em 1894, com a intenção de adquirir modernos equipamentos, nos moldes dos que usavam as mais modernas indústrias da Europa. E, de fato, os adquire em Hamburgo, na Alemanha, realizando verdadeira odisseia para trazê-los ao Piauí, sobretudo ao sertão da fazenda Campos, hoje Campinas, na região de Oeiras, que elegeu por sede de suas atividades. Eram equipamentos enormes, pesadíssimos, tendo de colocá-los em barcaças e enfrentar a correnteza do rio Parnaíba até o porto fluvial do Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara, hoje cidade de Floriano. Dali teve de transportá-los em carros de bois, abrindo 40km de estradas, quebrando morros, construindo ponte de 45 metros de comprimento sobre o rio Itaueira e pontilhões em outros córregos, para arrastá-los com inúmeras juntas de bois, às vezes forrando o solo com couro de animais, aumentando, assim, as despesas e causando retardamento. Foi um hercúleo trabalho de pioneiro empreendedor, que só os altos espíritos são capazes de concebê-lo e executá-lo, arrostando as dificuldades sem se deixar intimidar. Para isso, dentre outros importantes auxiliares, contou com a decidida colaboração de seu colega engenheiro, o alemão Alfredo Modrak, que montou a fábrica e dirigiu os trabalhos do prédio, ali residindo por largos anos, mesmo depois do afastamento de Sampaio. Houve também a instalação de funilaria, serraria e aparelhos de uma estação meteorológica, esta última merecendo do dr. L. Cruls, diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, as mais elogiosas referências pelo Jornal do Comércio de 7 de dezembro de 1897.

Para melhorar o rebanho das Fazendas Nacionais, trouxe da Suíça, quatro touros da raça simental, animais com aptidão para carne e leite, oriundos do vale do rio Simmen, no Cantão de Berna. Seguramente, constitui-se o Engenheiro Sampaio em um dos primeiros importadores desta raça para o nosso País. Entretanto, esses reprodutores e todo o rebanho por ele assumido enfrentou a grandiosa seca de 1900, causando-lhe enormes prejuízos. Ainda assim, segundo anotou o deputado Joaquim Cruz, foi de grande proveito o cruzamento desses novilhos com as vacas crioulas, produzindo animais mestiços de boa qualidade. Segundo ele, em 1906, um garrote oriundo desse cruzamento era vendido por 200$, sendo esse preço considerável.

Por fim, em 2 de maio de 1897 foi inaugurada a sonhada fábrica de lacticínios do Piauí, a primeira do nordeste e a segunda do Brasil, guarnecida com o que havia de mais moderno no mundo. Possuía 800 metros quadrados de área construída, com 26 compartimentos, toda de alvenaria, composta em grande parte de dois andares, que rivalizava em tudo com as europeias e argentinas(Minas  Gerais –órgão oficial dos poderes do Estado, Ouro Preto, 5/13.5.1897). Na palavra de Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves – “os edifícios se levantam, a água é captada e distribuída, as instalações se executam. As máquinas são postas em funcionamento, quebrando a monotonia daquelas paragens onde, antes, só o vento açoitava as folhas. A chaminé a atirar para o alto o seu penacho de fumaça, o vapor da caldeira a fazer vibrar o apito estridente a horas certas, a labuta dos currais, a atividade dos técnicos e auxiliares nas oficinas eram sinais de uma vida diferente que nascia rumorosa e promissora” (GONÇALVES, L. M. R. Brasília: 1980:244).

Na exposição do 4º centenário do Brasil, a manteiga produzida pela fábrica foi apresentada e analisada pelo Laboratório Federal de Análises, sendo considerada de ótima qualidade e merecendo como prêmio uma menção honrosa.

Em pouco tempo chegam também quarenta famílias italianas por ele contratadas em sua viagem à Europa, sessenta de cujos membros permaneceram no Estado cerca de dois anos e meio, vivendo prósperos e felizes, até que secas contínuas e falta de apoio do governo, forçaram a bater em retirada. Na versão de Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, logo surgem alguns reveses: “Alguns colonos adoecem depois de comerem, desavisados, frutos silvestres venenosos, outros são acometidos de doenças tropicais, ainda outros, amedrontados, não se adaptam ao clima. Surgem reclamações e o consequente cortejo de dificuldades. Há intervenções diplomáticas, repatriação de emigrantes com pesadas despesas imprevistas. O lamentável desastre iria servir de descrédito a outras tentativas” (GONÇALVES, L. M. R. Brasília: 1980:244).

Não se abate, porém, o notável Engenheiro Sampaio, partindo com redobrado esforço ao trabalho. Todavia, contra ele se colocam inúmeros obstáculos. Por fim, em pouco tempo foi seu contrato ilegalmente rescindido, depois de dois anos de litígio. Vencido em sua luta, obrigou-se a transferi-lo, com autorização do governo, para o conde Modesto Leal, presidente ou proprietário do Banco Industrial, com quem havia contraído algumas dívidas. Em seguida este transfere o contrato ao 1º tenente da Armada Nacional, Gervásio Pires de Sampaio. E desde então a fábrica funcionou precariamente por alguns anos, até sua completa desativação sendo os equipamentos furtados no final da década de cinquenta do século passado. O prédio posteriormente serviu de escola, capela e clube social, até desgastar-se pela ação do tempo.

Foi, portanto, de apenas quatro anos a gestão do Engenheiro Sampaio à frente de sua sonhada fábrica de lacticínios. Acossado por dívidas entrega-a aos credores, retornando ao Rio de Janeiro, onde reinicia sua carreira no magistério.

É, pois, lamentável que a mentalidade atrasada de muitos de seus contemporâneos tenha prejudicado uma iniciativa desse porte, que colocou o Piauí, com técnicas e aparelhagens modernas, entre os pioneiros da indústria de lacticínios no Brasil. Mas o fracasso do empreendimento deve-se ao atraso do Piauí de antanho, governado por políticos de pouca visão, com uma sociedade que não aspirava mudanças, contrastando, assim, com a visão moderna e o discurso otimista de um técnico formado nas melhores escolas da Europa e uma enorme capacidade de ação.

Da antiga fábrica hoje resta a construção ainda imponente, embora em ruínas, que alguns abnegados lutam incansavelmente pelo tombamento. Em seu entorno nasceu uma povoação, hoje transformada na pequena cidade de Campinas do Piauí, que permanece como testemunho imperecível da ação desse visionário engenheiro piauiense. De toda sorte o sonho frutificou, senão o desenvolvimento industrial, ao menos uma cidade para dizer que valeu a pena sonhar e lutar.

Antônio José de Sampaio foi um homem de extraordinária cultura, empreendedor, amante de sua terra e poliglota, dominando vários idiomas, entre esses: francês, italiano, inglês e alemão, tendo nessas línguas publicado alguns estudos divulgando, no estrangeiro, as nossas riquezas naturais e as iniciativas industriais. De sua lavra pode-se destacar: ZurKenntnis der Diamidoditolylverbindungen, no Berichte der DeutschenChemischenGesellschaft (1881) eInvestigações Químicas dos Produtos Naturais do Brasil (Revista de Engenharia, 28.05.1883), ambos de parceria com o químico alemão Wilhelm Michler; NationaleLandguterfurviehzucht in StaatPiauhy(1884); A general descriptionoftheStateofPiauhyonthenorthernpartofBrazil its natural resources, pasturagen, climateandsalubritywithspecialreferencetothecattlebreedingcomparedwiththeconditionsofthe Argentine RepublicandAustralia (1905), depois parcialmente traduzida para o vernáculo pela Prof.ª Maria Cacilda Ribeiro Gonçalves e publicada no Brasil(Descrição Geral do Piauí), sob patrocínio o Governo do Piauí, na gestão Pedro Freitas, entre vários outros trabalhos científicos escritos em outras línguas.

É patrono da cadeira 19, da Academia Piauiense de Letras, cujo primeiro ocupante foi Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves.

Em 22 de julho de 1893, no Rio de Janeiro, Antônio José de Sampaio casa-se com a carioca descendente de maranhenses, D. Augusta Hermínia Franco de Sá, moça culta e inteligente que, em 1885, estudava com o irmão Francisco de Paula Franco de Sá, no Colégio Augusto, fundado há pouco mais de um ano, no Engenho Novo, sendo ambos aprovados com distinção em Português(O Paiz, 8.12.1885). Depois de casada passou a assinar com o nome de Augusta Franco de Sá de Sampaio, falecida em 10.4.1931, no Rio de Janeiro e sepultada no dia seguinte no cemitério de São João Batista(A noite, 11.4.1931). Oito anos antes havia recebido na mesma cidade o diploma de honra(15.3.1923) e ao tempo em que esteve com o marido no Piauí, ajudou a administrar a fábrica, ministrando curso de renda às mulheres. Era filha de Antônio Daniel Franco de Sá e D. Augusta Firmina Franco de Sá, abastados proprietários, inclusive de muitos imóveis urbanos no Rio de Janeiro, muitos deles alugados para órgãos públicos. Em 1924, D. Augusta Franco de Sá de Sampaio publicou um romance denominado Heloisa, com 138 páginas. O casal deixou uma filha, D. Ana Rosa Castelo Branco Cardoso(Nikota), que foi casada com o médico sergipano Eleyson Jesthe Esaú Cardoso.

Antônio José de Sampaio, faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde residia, às 14 horas do dia 15 de abril de 1906, com apenas 49 anos de idade, sendo o corpo sepultado no dia seguinte, no cemitério de S. João Batista, no carneiro número 2.183. O cortejo fúnebre saiu da Rua do Catete, 191, esquina da Buarque de Macedo, às 16 horas. Por ocasião de seu óbito, exercia as funções de professor do Colégio Aquino e de lente de alemão da Academia de Comércio do Rio de Janeiro, onde iniciara no ano letivo de 1904, deixando as mais gratas recordações.

Sobre ele disse na tribuna da Câmara Federal, o deputado Joaquim Cruz:

“Posso agora asseverar à Câmara que naquele Estado os colonos, os trabalhadores e todos os homens sensatos consideram o Dr. Sampaio como benemérito, que se dedicou com perseverança e entusiasmo ao estudo e resolução dos problemas industriais, encarados sempre no ponto de vista técnico” (Annaes da Câmara dos Deputados, edição n.º 0007 – 1906 a 1910).

Por fim, Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, conclui sobre o biografado:

“Sampaio foi, incontestavelmente, um desses raros exemplares de homem de alta cultura, rasgados horizontes e esclarecidas ideias, em cuja objetivação se obstinava, ao influxo de irreprimíveis energias criadoras. As amarguras, as vicissitudes, as contrariedades não o esbarraram. Até ser paralisado pela morte, em 1906, conservou, sempre mais ardente a fé no ideal irrealizado”.

Portanto, Antônio José de Sampaio é um brasileiro notável, cuja trajetória de vida merece ser reconstituída para conhecimento da posteridade.

 

Bibliografia:

A Noite, edição de 11.4.1931.

COSTA, F. A. Pereira da. Cronologia histórica do Estado do Piauí. Vol. 2. 2.ª Ed. Teresina: APL-FUNDAC, 2010.

FERREIRA, Edgardo. A mística do parentesco. Os Castello Branco. Vol. 5. 2.ª Ed. São Paulo: ABC Editorial, 2013.

GONÇALVES, L. M. Ribeiro. A luta de um idealista. In: Impressões e perspectivas. P. 241-245. Brasília: Centro Gráfico do Senado federal, 1980.

O Paiz, edição de 8.12.1885.

TITO F.º, Arimathéa. Antônio José de Sampaio. Diário Oficial – Suplemento Cultural. Ano I – N.º 7. Teresina, 31.01.1988. p. 10.

REVISTA DA SEMANA – Edição semanal ilustrada do Jornal do Brasil. Ano VII – N.º 310. Rio de Janeiro, domingo, 22 de abril de 1906.

ROCHA, Odete Vieira da. Maranduba. Rio de Janeiro: Sindical, 1994.

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* A fotografaia que ilustra a matéria é da fábrica de lacticínios fundada pelo Engenheiro Antônio josé de Sampaio, hoje em Campinas do Piauí.

** REGINALDO MIRANDA, autor, é membro da Academia Piauiene de Letras e do InstitutoHistórico e Geográfico do Piauí.e-mail: [email protected]

(Excerto do livro inédito a ser publicado no corrente ano pela Academia Piauiense de Letras: MIRANDA, Reginaldo. Piauienses notáveis. Teresina: APL, 2017)