Existem, em atividade no Brasil, segundo estatísticas, mais de quinze mil sindicatos, entre de empregados, a maioria, e de empregadores; enquanto outros milhares esperam e aguardam autorização legal do ministério do trabalho a fim de operarem. Para se ter ideia do exagero quantitativo, basta dizer que nos países mais ricos, cultos e desenvolvidos, como Alemanha, França, Inglaterra, Reino Unido, dentre outros, o número de esse tipo de organização não chega a duzentas unidades. Mais de quinze mil dirigentes sindicais, fora outros auxiliares, população equivalente à de um município médio brasileiro. Não fomos atrás de pesquisar, mas tomando o montante de entidades sindicais tupiniquins como referência, seria absurdo pensar que tenhamos mais delas aqui, do que no restante das nações? Algo mais interessante que apenas defender as categorias que as compõem, devem elas oferecer a quem se propõe criá-las, claro. Dinheiro, recursos financeiros legais - um certo poder; alguns e, não poucos sindicalistas, saíram dos sindicatos para ocupar cargos parlamentares e até mesmo governamentais –, na sua maioria, obtidos de forma, legitimamente compulsória junto aos filiados, abarrotam-lhes os cofres.

                Partido político – não que hipocrisia ou demagogia seja o motivo de que esteja me  valendo, para não falar dos templos, das igrejas, nem os comparar com estas, as legendas partidárias, ou as organizações sindicais, no que tange à facilidade de que dispõem para se regulamentarem, mas por conta da laicidade, tantas vezes, hipócrita e, demagogicamente, defendida, tanto pelos que nos governam e representam parlamentarmente, quanto por quem se julga formador de opinião, ainda que a contragosto, vamos deixar os templos religiosos para lá – sim, por aqui, reproduz-se como erva daninha. Fala-se, hoje, em trinta e cinco ativos e trinta e um buscando regularização. É ou não outro absurdo?

São esses ainda piores do que os sindicatos, haja vista o dinheiro que os mantém, notadamente, os pequenos, cuja renda, infelizmente, alguns, suplementam ou complementam alugando-se, provir, basicamente, de recursos retirados do bolso do cidadão-contribuinte, na forma de “fundo partidário” que, a propósito, em dois mil e dezesseis, segundo veículos da mídia, distribuiu entre os trinta e cinco partidos ativos oitocentos e dezenove milhões de reais.  Talvez por isso, o indisfarçável chororô dos menores, sempre que vêm à tona notícias, comentários dando conta da pretensão de diminuir-se o número de legendas, seja por exclusão ou cancelamento legal, seja por aglutinação, fusão daqueles com os maiores.

                Outra coisa, tachar de antidemocratas ou comunistas quem entende que não há a menor necessidade de tanto partido político por aqui, menos ainda desses que, sabidamente, já vêm a lume sem autonomia econômico-financeira, é um despropósito, senão um contrassenso demagógico. Principalmente, porque não se tem dúvida de que ideologia, usualmente, não é a motivação maior que leva determinado grupo de pessoas a se unirem, politicamente, numa agremiação partidária:  “razões não republicanas”, para usar expressão muito utilizada, hodiernamente, no teatro político, não raro, representam o grande objetivo da criação de muitos deles, infelizmente.

                Se nossos representantes no legislativo, para não se oporem ao livre, soberano e pleno exercício das práticas e princípios democráticos, não querem barrar a regularização normativo-formal de mais e mais sindicatos e templos religiosos, no que tange à criação ou manutenção de partidos políticos, não somente podem como, legalmente, devem interferir, seja no sentido de impor limites quantitativos, seja na fiscalização de aspectos qualitativos e regimentais; também, no que se refere à vigilância quanto à obediência aos pressupostos morais, filosóficos e éticos que se propuserem seguir, defender e cumprir.

                Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]