Sempre que irrompem as crises, principalmente, econômicas – já que políticas são pratos do dia a dia -, com elas surgem os arautos da verdade absoluta, os conhecedores de todas as causas e porquês. No entanto, assim como, geralmente, não foram ouvidos no momento em que poderiam, senão combatê-las, minimizar-lhes os efeitos, também não o são no interregno das mesmas, e então voltam a navegar no mar de sua insignificância: como referências citadas e ouvidas, mas, de fato, não escutadas. Até que nova convulsão econômica ou política ocorra, modorram no ostracismo. Esses sábios de quem se está falando, aos quais, certamente, todos conhecem, quando em atividade profissional ou funcional, portam-se como bombeiros relapsos, que avisam sobre incêndios, às vezes, localizam-nos, mas não são capazes de debelá-los. Economistas, administradores, cientistas políticos, consultores generalistas; enfim, ditos experts, são os primeiros procurados por quem, no máximo, o que quer é, meramente, ouvir suas opiniões; seguramente, porque aqueles não querem resolver os problemas pautados e os consultados não podem fazê-lo; assim, resulta, quase que invariavelmente em oratória ou dialética vazia, loas, conversa para boi dormir, as intervenções feitas por uns e outros. Na verdade, salvo honrosas exceções, especialistas em situações de caos, geralmente, são indivíduos que já estiveram servindo a governos – que, ora, adulam ou execram -, como auxiliares diretos, próximos, umbilicais; uma vez do lado de fora, quando demandados, ufanam-se, deleitando-se com divagações, lançamento de avisos, presságios, devaneios ou espalhando pavor; invariavelmente, as mensagens que transmitem, ou não têm substância ou são de difícil prática. Fato é que esse fenômeno de tentar ouvir a quem, outrora, fez-lhe ouvidos de mercador, não é diferente aqui do que ocorre no restante do globo. São as convulsões econômicas ou políticas trazidas à superfície e, lá estão eles - velhas e conhecidas figuras, reitere-se, elementos que, enquanto agentes públicos, não raro, se não foram responsáveis por iniciar as crises que, ora, reincidem ou se reinstalam, pouco ou nada tentaram fazer para evitá-las - sendo chamados para explicá-las. Transformados, então, em especialistas ou iluminados gurus, metem-se a ensinar como as combater ou eliminar. No mais das vezes, a emenda fica pior que o soneto: e vida que segue. Ou seja, em vez de protagonistas na solução de crises decorrentes de problemas econômicos, políticos ou sociais que ocorreram durante suas gestões ou enquanto auxiliavam quem detinha o poder, muitos dos consultados a dizer como fazer o que, antes, deveriam ter feito, mas não fizeram, na verdade, não passam de parlapatões falaciosos e demagogos. O pior defeito de quem administra ou exerce o poder público, talvez não soe leviano afirmar, é não se desfazer do egoísmo; também é comum àquele pensar a coisa pública como viúva, cujo patrimônio deve beneficiar a espertalhões vivos. Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]