[Maria do Rosário Pedreira]

 

Desde o início da pandemia que nos chamam a atenção repetidamente para a importância de lavarmos muitas vezes as mãos e desinfectarmos tudo o que trazemos da rua, o que tento cumprir escrupulosamente, mesmo quando me parece levemente exagerado (por exemplo, a embalagem de um remédio que trago da farmácia ou algo que vá direitinho para o congelador, o que, creio, deve matar os vírus todos). Há, aliás, quem defenda que, desde que abriram as livrarias, as pessoas têm lá ido muito pouco porque se sentem desconfortáveis pensando em quem já mexeu ou folheou determinado livro (bem, amigos Extraordinários, podem sempre levar luvas e, com as capas plastificadas dos livros, passar desinfectante ou álcool antes de começar a ler). Eu cá acho que o problema é outro: temos menos voltade de comprar em geral (estou segura de que os outros negócios também andam às moscas) e temos menos dinheiro para gastar. Mesmo assim, é verdade que um médico me disse que a primeira coisa que tirou da sala de espera do seu consultório nos tempos da Gripe A foram as revistas, porque as pessoas têm o péssimo hábito de lamber o dedo para passar a página e esse é um meio de contágio  muito eficaz. A este respeito da desinfecção de livros, vale, porém, a pena ler um artigo sobre como desinfectar colecções em tempos de pandemia. Não sei se as nossas bibliotecas, que já abriram ao público, não deveriam lê-lo. Aqui vai:

https://universoabierto.org/2020/06/01/como-desinfectar-colecciones-en-una-pandemia-2/

Hoje recomendo um romance maravilhoso em que a biblioteca confere poder a quem toma conta dela. Talvez já tenha falado dele aqui por outras razões, mas há que insistir nos bons livros: Casa de Campo, de José Donoso, com tradução de Sofia Castro Rodrigues.