CABEÇEIRAS A MARCHA DAS MUDANÇAS

COMO COMEÇOU CABECEIRAS(*)

           A ocupação dos recantos desabitados do Brasil continental se deu em função de diversas variantes, mas, sobremaneira, de condições sócio-econômicas e geográficas favoráveis. Assim, muitas cidades se formaram em torno da igreja , do rio, da rodovia, das fazendas, enfim, de fatores que possibilitassem a existência e integração humana.

           Cabeceiras nasceu ,no início do século XX, da labuta com a terra, com o gado, posto que a região oferecia água em facilidade. As propriedades rurais, distantes entre si aproximadamente quatro quilômetros e adquiridas via demarcação, totalizavam cinco. O núcleo do povoamento, entretanto, foi a fazenda Tamboril, de Francisco da Costa Veloso (Dodô Veloso)

As demais fazendas e os respectivos donos eram:

    1. Água Branca – Luiz Fortes Castelo Branco ( depois pertencente a Francisco da Costa Veloso);
    2. Há mais tempo – Antônio Fortes Castelo Branco;
    3. São Luiz – Antônio Lages (depois pertencente a Francisco da Costa Veloso);
    4. Boa Nova – Antônio de Pádua Rego ( depois `pertencente a Alfredo Pires Lages, Cláudio Pachêco e Cândido Alfredo Neto).

           Um dos primeiros habitantes da região foi José Lopes Batista (Zu Batista), fazendeiro advindo da localidade Mutuquinha – Zona da Mata, em Barras. Mas a ocupação ganhou impulso através de Francisco da Costa Veloso. Dodô Veloso, como era conhecido, chegou à paisagem cabeceirense com as duas irmãs, Rosa e Maria Amélia, em l9l0, após a morte dos pais. De família humilde da zona rural de Barras, começou a vida profissional como pequeno comerciante.

           Aos poucos, passou a participar ativamente das relações comerciais de Cabeceiras. Casou-se com Venância Lages Batista, Filha do fazendeiro Zu Batista, e, definitivamente, ao apropriar-se de Tamboril, colocou-se no centro de decisões do território.

           Além de Tamboril, ele adquiriu as propriedades Água Branca e São Luiz, dedicando-se à extração da cera de carnaúba, que era armazenada em Campo Maior e seguia para Parnaíba, em comboio.

           As outras fazendas, gradativamente, perdiam a força, pois a maioria dos senhores de terra residia em Barras e se distanciava da gerência delas. Enquanto isso, Dodô Veloso aumentava o patrimônio e obtinha respaldo político.

           Foram as fazendas, portanto, o fio condutor da evolução de Cabeceiras, que a partir da década de 40, principiou a organizar-se impulsionada, principalmente, pelas atividades comerciais de Dodô Veloso.


Dílson Lages Monteiro / Francisco de Assis Mesquita

 

(*) Cabeceiras localiza-se a 96 quilômetros de Teresina, na região Norte do Piauí. É Cortado pela interseção da PI-113 com a PI-114 e apresenta uma área de 660 quilômetros quadrados. O município de Cabeceiras do Piauí foi desmembrado de Barras através da lei 2192/92.