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[*Pedro Henrique Saraiva]

Quem é esse sujeito representado com cabelos quase lisos em cor de ouro, olhos azuis e uma estatura altíssima? Ou melhor, a quais interesses tal representação atende?

Esse cabelo dourado e super hidratado é de matar.

O trabalho na sobrancelha também aparece muito bem-feito ali.

Imagine um judeu com nariz pequeno e super afilado.

A barba está, como se diz hoje: na régua.

É, na representação, um macho hétero top europeu.

Um cara com essas características talvez até não tivesse sido alvo de tanta humilhação.

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Mas, tendo vivido em terras desérticas e castigadas por um sol inclemente, me parece mais sensato tomar como exemplo gente que viveu e/ou que vive atualmente também sob o sol intenso. A maior probabilidade é que, esse de quem eu falo, tenha tido pele morena, cabelos castanho-escuros a pretos, muito diferente de um cabelo na cor dourada.

Segundo uma reportagem da BBC News Brasil, é um fato que ossadas de judeus do século I foram encontradas e elas nos mostram que, na época, a altura média de homens dessa origem era de 1,60m, o peso era de pouco mais de 50 quilos e a cor da pele é uma estimativa.

Também, o especialista forense Richard Neave já fez uma reconstrução facial de Jesus Cristo, na tentativa de se aproximar do que seria o rosto deste. Utilizando conhecimentos científicos, Richard e sua equipe tiveram como base 3 crânios datados do século I, de habitantes da mesma região onde Jesus teria vivido. A imagem-resultado da reconstrução facial é a seguinte:

Pesquisadores recriam rosto mais fiel possível de Jesus Cristo

Falar sobre a cor da pele de Jesus Cristo só se torna necessário justamente porque, a “racialização” dos homens é usada como instrumento de dominação.

Uma representação de Jesus Cristo como um homem super alto e com todas as outras características já citadas no início deste texto, certamente, serve apenas a uma visão e ideologia eurocêntrica, que fundamenta discursos e ações historicamente perversos de dominação europeia sobre sociedades mais pobres, criando e fixando no imaginário de quase todos essa imagem de um ser superior branco que a todos doutrina.

*Pedro Henrique Saraiva é  graduando em jornalismo e músico.