Ele fala para os bosques, que assustam "como as catedrais", que rugem como órgãos, que tem eco nos corações de luto, nos corações malditos. Ele odeia o tumulto oceânico, tumultuário como ele-mesmo, o oceano tem insultos, sombras, ó belas noites sem estrelas, o poeta quer a escuridão, ama os precipícios, a escuridão onde os fantasmas habitam. Ele é o poeta das trevas, da noite.

Bosques, encheis de susto como as catedrais,
Como os órgãos rugis; e em corações malditos,
Quartos de terno luto e choros ancestrais,
Todos sentem ecoar vossos fúnebres gritos.
Eu te odeio, oceano! e com os teus tumultos,
Já que és igual a mim! Pois este riso amargo
Do homem a soluçar, todo sombras e insultos,
  Eu o escuto no riso enorme do mar largo.
Como serias bela, ó noite sem estrelas,
Que os astros falam sempre claro em sua luz!
Busco o infinito negro e os precipícios nus!
Porém as trevas são elas próprias as telas,
Em que surgem, a vir de meu olho, aos milhares,
Seres vindos do além de rostos familiares.
 
(Trad. Jamil Almansur Haddad).