A cinza do mortos na vida
Por: Clarisse de Oliveira Em: 20/07/2009, às 05H10
A CINZA DOS MORTOS NA VIDA
O vento da cidade de Madurai, no Sul da India, entrou no
Templo de Murunga, o Kartikeia, e dispersou as cinzas
Dos incensos.
Depois das fogueiras extintas, os corpos dos sacerdotes
E dos Mestres das Florestas, não eram mais que um monte
De cinzas.
Os sacerdotes dos Templos recolheram a poeira de seus
Corpos e levaram para os santuários de seus Templos.
Depois que cumprimentei Yanai (elefante), na varanda
Da entrada de Thiruparakundram, atravessei a nave que
Era eco do arrulhar dos pombos e dos guinchos dos morcegos:
Desci a escada de pedra quebrada e me vi diante do altar de
Ganesh. O sacerdote me viu e sem atentar que eu nesta vida
Era uma ocidental, me apresentou a bandeja com as cinzas
Dos mortos: nela mergulhei os dedos de minha mão esquer-
Da e tracei na testa os tres traços simbolizando os tres mundos
De Shiva e ainda cortei sobre eles uma vertical como o Lingam
Sagrado - símbolo de Shiva.
Olhei admirada o sacerdote que fez um gesto quase impercep-
Tivel com a cabeça " de que estava bem" e voltou para o in-
Terior do Altar.
Sobre a pele viva da minha testa, eu calquei o corpo dos mor-
Tos e viví duas vezes a minha existencia - que no eco de um
Santuário é sempre um Eco dos que não sabem onde encon-
Trar o talo do Lotus Sagrado, simbolo do trono dos deuses.