RARIDADE

     Hoje, 25 de julho, é o Dia Nacional do Escritor, criado no começo dos anos 60 do século XX. Será que nós, escritores e leitores, principalmente os que apreciam a leitura literária, temos muito a comemorar nesta data?

     A resposta, infelizmente, é não. Na verdade, temos muito é que lutar para tornar a leitura literária mais presente no Brasil de hoje. Temos que procurar fazer com que os meios digitais de comunicação sejam usados a favor da literatura brasileira e da piauiense em particular. Nesse sentido, o Portal Entretextos, que é um canal eletrônico organizado pelo escritor Dilson Lages Monteiro, vem fazendo sua parte, divulgando autores brasileiros e piauienses, seja com entrevistas com escritores, seja com a publicação de textos de ficção e poesia e ensaios. Dilson tem um bom conhecimento de como usar os recursos digitais. Esse conhecimento deve ser exercido por todo e qualquer escritor. Lamentavelmente, não é o que se vê no dia a dia. Alguns colegas, sejam ficcionistas, poetas ou ensaístas, têm uma certa resistência ao computador, à internet, ao mundo digital enfim. Isso é nocivo à literatura. Hoje não é mais a folha em branco que assusta o poeta, tema já abordado por muitos autores, inclusive por João Cabral de Melo Neto. Hoje o que assombra o escritor é o Word, é a tela em branco, é o recortar, o digitar, o formatar e os muitos recursos digitais que desafiam a criatividade do escritor, embora estejam à disposição dele como se dissessem: “Me usa, ou serás desprezado por teus pares e teus leitores.”

     Quanto a mim, que nasci bem antes desta era digital, estou sempre procurando aprender a usar aparelhos eletrônicos como celular, PC, notebook, mas sem entrar em redes sociais. Já tive uma, mas saí porque estava tomando muito tempo de minhas leituras. Além disso, não tenho resistência nenhuma ao mundo digital, até porque não adianta temê-lo. Ele veio para ficar.

     Mas, voltando ao Dia Nacional do Escritor, eu comparo essa data com outras datas comemorativas: Dia do Professor, Dia do Médico e várias outras. Nessas datas, cada categoria se reúne para um churrasco, uma festa, uma palestra etc. Mas no Dia Nacional do Escritor não tomei conhecimento de que houvesse alguma comemoração com os colegas escritores. Alguma academia de letras (há muitas, inclusive aqui no Piauí) programou alguma atividade para celebrar data tão importante? Não seria uma maneira de aproximar colegas e debater ideias? Ou será que cada escritor prefere se isolar em sua torre de marfim, sentindo-se incompreendido em sua genialidade?

     Além das academias, há também outras organizações como a UBE, União Brasileira de Escritores, as próprias editoras e as livrarias. Estas últimas, que hoje vendem muitas outras coisas, vendem até livros e, em parte, vivem do que os autores publicam.

     Por fim, é necessário que o Dia Nacional do Escritor deixe de ser uma raridade e uma data morta no calendário e passe a ser um dia de comemoração para leitores e escritores.