Eu e a Dedé fomos ao Encontro das Águas, provar o famoso prato de “mandi à moda da casa” no restaurante Flutuante
Eu e a Dedé fomos ao Encontro das Águas, provar o famoso prato de “mandi à moda da casa” no restaurante Flutuante

                    [José Ribamar Garcia]

                O Encontro das Águas, em Teresina, é um recanto aprazível, bucólico, relaxante.  O rio Parnaíba vem da Chapada das Mangabeiras, na divisa dos Estados do Tocantins, Piauí, Bahia, e depois de percorrer por cerca de mil e poucos quilômetros chega à Teresina. Ainda com vigor e fôlego para alcançar o oceano Atlântico, onde forma o Delta que leva o seu nome. Enquanto o rio Poti, cearense da Serra dos Cariris Novos, ao passar pela cidade de Crateús muda o seu curso e adentra o Piauí. Natural seria que seguisse em frente e desaguasse no mar. Em território piauiense, passa pelo Cânion com paredões de até 60 metros de altura e, aproximadamente, nove quilômetros de extensão, segundo o escritor e historiador Adrião Neto. Após  cortar Teresina ao meio, despeja suas águas no Parnaíba, numa junção silenciosa e discreta.    

                 À entrada do parque, há uma escultura sobre o Cabeça de Cuia, esculpida pelo irrequieto e talentoso pintor Raimundo Nonato de Oliveira. Diz a lenda que foi nesse local que o pescador Crispim se atirou dentro d’água e se transformou no monstro de cabeça em formato de uma cuia. De onde só sairá quando tiver devorado sete donzelas virgens de nomes Maria. O que até hoje não conseguiu e continua solitário, vagando por aquelas águas.          

                Eu e a Dedé fomos ao Encontro das Águas, provar o famoso prato de “mandi à moda da casa” no restaurante Flutuante. Uma pena que esse peixe, tão saboroso e antes tão abundante, tenha desaparecido daquele trecho que o Parnaíba alimenta a cidade.  E não foi por culpa do Cabeça de Cuia. Mas do próprio ser humano, predador campeão da natureza. Enquanto ela saboreava a sobremesa preferida -  doce de jaca -, eu avistei o senhor que transportava turistas na sua chalana. Supus, pela aparência física, tivesse ele idade para ter conhecido a garapeira Estudantina. E disse pra ela: Aquele homem deve ter sido freguês da garapeira, quer ver? Como ele estava disponível no momento eu o chamei e veio à nossa mesa. O senhor me desculpe, mas eu queria saber se o senhor pode me dar uma informação. Se eu souber dou com prazer, disse solícito. E solícito, recusou-se a sentar-se e a beber alguma coisa. O senhor é daqui de Teresina? Sou. Por acaso, conheceu a garapeira Estudantina? Sim, ela ficava perto do Liceu. E como era o seu dono?  Ah, o que sei é que ele era um homem educado e atendia muito bem os fregueses junto da mulher dele que era uma moça muito bonita. Nisso apareceu um casal de turista e ele foi atender. Antes que se retirasse o agradeci e esclareci:   

                - Aquela moça bonita é esta senhora aqui ao meu lado, minha Mãe. – Sua reação foi de espanto e admiração.

                Quando retornávamos ao hotel, brinquei com ela, parodiando aquele velho adágio: Tá vendo Dedé, quem bela foi, bela continuará. E ela sorriu com aquele seu sorriso cativante.