Citações sobre a minha Tese de Doutorado defendida, em 2002, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiroo (j)
Por Cunha e Silva Filho Em: 22/09/2025, às 07H18
Citações sobre a minha Tese de Doutorado
A linguagem típica, cheia de gírias, é um recurso muito presente nesse conto, como para mostrar, de maneira realista, o cotidiano cruel desses jovens excludentes: “E se vacilar comigo eu vou lá e ainda ganho esta rodada e tchau. Me espianto” 22; “Meu faixa, tô desabonado” 23; “Manda pras cabeças, velho!”24
Essas expressões linguísticas fazem parte da composição do contexto marginal. Em alguns momentos, o vocabulário é de difícil interpretação, como dá a entender o professor Francisco da Cunha e Silva Filho: Tanto é assim que o leitor do seu texto jamais vai entender todo esse léxico ou expressões cifradas da linguagem do malandro, que requerem pesquisa e iniciação, pelo que sentimos, durante a leitura do texto a falta de um glossário (...)25
Segue a apreciação crítica do professor, fazendo jus à riqueza semântica do texto de João Antônio, como configuração do universo sócio-cultural das personagens: Mas, se não é vital para a realização artística do texto, se é apenas um pormenor enriquecedor e marcador da linguagem de um determinado estrato social, o nível de excelência do texto só se manifesta quando levamos em conta a maestria do escritor ao conseguir amalgamar o substrato da tradição literária com os componentes adicionais provenientes da
UNIVERSIDAD DE MURCIA FACULTAD DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LITERATURA ESPAÑOLA TEORIA DA LITERATURA E LITERATURA COMPARADA TESIS DOCTORAL EL MALANDRAGEM COMO CONSTRUCCIÓN DE LA IDENTIDAD CULTURAL BRASILEÑA: LOS PASTORES DE LA NOCHE, DE JORGE AMADO Presentada por Lucimeire Viana Nunes Dirigida por Dra. Maria Dolores Adsuar Ferná
Para conhecermos mais acerca do autor João Antônio, tomemos como exemplo o artigo do professor Francisco da Cunha e Silva Filho A malandragem na linguagem. O conto de João Antôniol: Nas décadas de sessenta a oitenta do século passado , João Antônio foi voz destoante da maioria dos ficcionistas então surgidos, exatamente porque ambientava histórias no submundo da malandragem ou nas camadas sociais mais desvalidas da sociedade brasileira , ao passo que escritores dele contemporâneos situavam histórias sobretudo no ambiente da classe média, com seus conflitos existenciais e suas frustrações sociais e políticas durante a ditadura militar-civil implantada no país em 1964. Disponível no sítio http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais
A MALANDRAGEM COMO CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL BRASILEIRA: OS PASTORES DA NOITE, DE JORGE AMADO - 270 - abalaram e nem quiseram saber se iam certos ou errados.21 A linguagem típica, cheia de gírias, é um recurso muito presente nesse conto, como para mostrar, de maneira realista, o cotidiano cruel desses jovens excludentes: “E se vacilar comigo eu vou lá e ainda ganho esta rodada e tchau. Me espianto” 22; “Meu faixa, tô desabonado” 23; “Manda pras cabeças, velho!”24
Essas expressões linguísticas fazem parte da composição do contexto marginal. Em alguns momentos, o vocabulário é de difícil interpretação, como dá a entender o professor Francisco da Cunha e Silva Filho: Tanto é assim que o leitor do seu texto jamais vai entender todo esse léxico ou expressões cifradas da linguagem do malandro, que requerem pesquisa e iniciação, pelo que sentimos, durante a leitura do texto a falta de um glossário (...)25 Segue a apreciação crítica do professor, fazendo j
25 SILVA FILHO, Francisco da Cunha e. A malandragem na linguagem. O conto de João Amaral. Artigo disponível no sítio http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno04-02.html
No aspecto social, essas personagens chegam a ser comparadas a seres irracionais, vestígios da vertente naturalista, por viverem o lado mais ínfimo a que pode se sujeitar o homem. Assim defende Francisco da Cunha, que elenca uma série de comparações desses infratores com os bichos, como nos exemplos: “Não andam como coiós apertando-se nas ruas por causa de dinheiro” 27; “Grudam-se, se chocam como bichos, que a coisa ali por bem não vai.” 28; “Fica quebrado, quebradinho, igualzinho à coruja” 29.
A trajetória desses três malandros se esbarra na reflexão sobre o destino de uma nação que amargou um longo regime militar (anos 60), e que já convivia com problemas sociais sérios, como o desemprego e a marginalidade. Essa passagem no texto comprova a crueza hostil dos ambientes em que viviam: Eram três vagabundos, viradores, sem eira, nem beira. Sofredores. Se gramassem atrás do dinheiro, indo e vindo e rebolando, se enfrentassem o fogo do joguinho, se evoluíssem malandragens, se encarassem a polícia e a abastecessem, se se atilassem, teriam o de comer e o de vestir no dia seguinte; se dessem azar, se tropicassem nas virações, ninguém lhes daria a mínima colher de chá – curtissem sono e fome