Galeno Amorim

Publicado na revista Visão Jurídica

O que fazer com aqueles livros que já foram lidos e relidos e certamente permanecerão meses ou, quem sabe, até anos sem que ninguém se atreva ao menos a folheá-los?

Advogados de diferentes regiões do Brasil encontraram uma (boa) resposta para isso. Aliás, por sorte, vem se multiplicando semelhante disposição em repartir aquilo que foi uma extraordinária fonte da sabedoria. Pode estar aí um empurrãozinho para o acervo das bibliotecas de acesso público, estejam elas em entidades, escolas ou na comunidade.

Na Bahia, por exemplo, o tributarista Agnaldo Câmara, 78 anos, resolveu doar todo seu acervo, com mais de mil livros sobre Direito, para a biblioteca da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no estado. Para isso, teve que ignorar algumas propostas financeiras de instituições que desejavam comprar o acervo. Achou melhor compartilhar com seus colegas baianos.

Foi também o que fez, no Mato Grosso do Sul, Airton Barbosa Ferreira. Seu acervo particular foi parar na biblioteca da Universidade Federal da Grande Dourados. Como ele prometera, em vida, fazer uma doação à OAB local, com sua morte a família tratou logo de cumprir seu desejo. E a subseção (da qual ele foi primeiro presidente) preferiu colocar os 3 mil livros à disposição dos futuros advogados que ainda estão na faculdade. Uma parte foi parar na biblioteca municipal da cidade.

Em Campo Grande, o desembargador Carlos Stephanini, em sua última sessão no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, doou seus livros à Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB/MS.

* Galeno Amorim é jornalista, escritor e diretor do Observatório do Livro e Leitura. Criou o Plano Nacional do Livro e Leitura.