Jaime Mitchell - Folha de Pernambuco - 25/08/2010

Professores acreditam que os e-books não vão substituir os livros tradicionais. Para eles, os dois irão conviver juntos. Estudantes que usam os e-books dizem que os dois tipos têm suas vantagens. Enquanto isso, cada vez mais as empresas aprimoram os aparelhos que vendem aos leitores e editoras começam a lançar e relançar obras no formato digital.

A professora de Letras da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Fa­bia­­­na Câmara não acredita na substituição dos livros pelos meios eletrônicos. “Creio que não vai haver uma substi­tuição, até mes­mo porque o impresso pro­voca uma maior vontade de ler do que o formato digital. Um livro grande, como ‘Gran­de Sertão Veredas’ exi­ge concentração, que a pessoa volte a página para reler algo que precise relembrar”, compara.
 
A estudante Joana Turton, 17 anos, comprou um dos primeiros tipos de e-reader (aparelho para leitura dos e-books) da Sony durante uma viagem que fez aos Estados Unidos no final do ano passado. Ela já sabia da exis­tência dos aparelhos e pes­quisou preços antes da viagem. Para a garota, os e-books ajudam na leitura de livros estran­geiros. “Eu leio muito em inglês e, às vezes, é difícil achar livros em inglês nas livrarias daqui. A vantagem é que eu compro livros para o e-reader pela internet e uso para ler neste idioma”, contou Joana. Co­mo o aparelho da garota foi um dos primeiros, ela já o acha “arcaico” em relação aos mais novos.

Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) o Pro­grama de Pós-Graduação em Letras (PPGL) publicou dois livros como e-books. O professor do Programa, Anco Márcio, não vê as pessoas discutindo ainda se os apa­relhos estão ficando ou não ultrapassados, como já observa Joana em relação ao que comprou. “Se o e-book vier a ficar defasado tecnologicamente com a mesma rapidez com que um PC fica, creio que o pior inimigo do e-book será o próprio e-book”, destaca o professor.

O universitário Antônio Albu­querque, 24 anos, também comprou um leitor ele­trônico no exterior, só que mais sofisticado que o de Joana. Ele trouxe da Europa um iPad, tablet da Apple, com várias funções, entre elas a de e-reader. “A expe­riência com o e-book ainda é recente. A facilidade se baseia na mobilidade: você pode carregar cem livros com o peso de dois quilos”, diz o estudante de Ciência da Computação. Antônio comprou o tablet para faci­litar nos estudos, tanto para ler, quanto para criar. “Como sou profissional da área, também comprei pelo lado pro­fissional: saber como desenvolver para entrar nesse mercado”, comentou. O universitário adqui­riu recentemente o iPad e o leva apenas para onde tem mesmo necessidade.

Márcio concorda com An­tônio na questão da comodidade oferecida pelo e-book. “A vantagem do e-book é você poder guardar em um suporte de fácil locomoção uma quantidade razoável de livros. Isso tanto facilita a vida de quem precisa viajar e levar livros na bagagem quanto de quem tem pouco espaço em casa para guardá-los”, disse Már­cio.

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[Galeno Amorim]